São Paulo, quinta-feira, 30 de novembro de 1995
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Laranja brasileira foi semente de escola

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

Em 1873 chegaram a Riverside, pequena cidade no sul da Califórnia, as primeiras mudas de laranja-da-baía, procedentes do Brasil. O produto se adaptou à região e permitiu grande desenvolvimento da citricultura.
Em 1907, devido a essa cultura, foi fundado o campus da Universidade da Califórnia em Riverside para desenvolver uma estação experimental de cítricos.
Cidade e citricultura se desenvolveram. Hoje, Riverside é a cidade com a sétima maior população da Califórnia e tem um dos principais centros de estudos de cítricos do mundo.
Um século depois da chegada da laranja brasileira a Riverside, os brasileiros estão cada vez mais descobrindo a cidade e sua universidade para estudar.
A presença de brasileiros no campus da Universidade da Califórnia em Riverside aumentou 24% em 95, em relação a 94.
O campus de Riverside -a Universidade da Califórnia tem outros oito no Estado- oferece cursos para estrangeiros em várias especialidades: de arte a especialização para executivos internacionais. O mais procurado, no entanto, é o de inglês.
Riverside é conhecida pela segurança em seu campus -um sério problema nas universidades norte-americanas- e pelo nível de estudo que proporciona.
Estudar inglês em uma universidade estrangeira é um mergulho quase total. Quase, porque há sempre outros brasileiros.
Um exame prévio determina o estágio que o aluno deve ir. O curso é puxado e, no início, tem-se a impressão de estar em classe errada. Aos poucos, o aluno se adapta.
O curso é basicamente uma preparação para o Toefl (Test of English as a Foreign Language), um duro teste em que todo aluno que queira cursar uma escola norte-americana deve se submeter.
As aulas se estendem pela manhã e parte da tarde. O aluno que quiser pode frequentar também cursos em alguns dias à noite.
A disciplina é rígida e quem não colocar os estudos em primeiro lugar pode não chegar ao final.
O coreano Jae Min Lim, 18, sabe disso. No penúltimo dia do segundo estágio -e após todas as provas feitas- foi desligado por exceder o número de faltas aceito.
Após seu desligamento, se o aluno quiser voltar a estudar no bimestre seguinte, ficará sob observação, mas o número de faltas permitido será reduzido à metade em relação ao anterior.
Quem leva a sério os estudos tem boa chance de aprender rapidamente. A publicitária Sílvia Marasco Torrencillas, 25, que saiu de um curso de francês, em Paris, para o de inglês, em Riverside, consegue cursar dois estágios ao mesmo tempo. Um por conta própria.
Isso é possível porque, no início de cada bimestre, é feito um teste. Torrencillas saltou do segundo estágio para o quarto em setembro.
"Meu objetivo é um só: aprender o máximo", diz Torrencillas.
Já Renata Santos, 18, encarou o curso de forma diferente. Duas semanas antes do fim, entregou os pontos. Não via a hora de voltar ao Brasil. "O curso é bom, mas a saudade é maior", afirma.
A maioria dos estudantes é oriental. Representam 60% das classes. A crescente necessidade do inglês na Ásia faz com que muitos estejam ali para aprender e voltar a seus países como professores. É o caso das japonesas Tomoko Sakai e Naomi Ando.
A escolha da moradia também é importante para o aprendizado. O aluno que ficar com uma família, como Evandro Almeida Tupinambá, 46, aprende mais com o convívio. "Sou forçado a pensar e a falar em inglês o tempo todo", diz.
A moradia no campus permite convívio mais direto com estudantes americanos. Já a opção pelos confortáveis quartos do IRC (International Residence Center), um antigo hotel, dá mais liberdade ao aluno e o coloca com estudantes do mundo inteiro por mais tempo.
Para os estudantes que ficam longos períodos na universidade, a saída é alugar um apartamento.

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