São Paulo, sexta-feira, 1 de dezembro de 1995 |
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Não fosse pressão, FHC cancelaria contrato
EMANUEL NERI; SÔNIA MOSSRI
Os parlamentares vêem vários motivos para essa resistência das Forças Armadas. Avalia-se que a Aeronáutica, responsável pela administração do projeto Sivam, já sofreu forte desgaste com a demissão do ministro Mauro Gandra. Se o Sivam fosse suspenso, aumentariam as suspeitas contra ela. Sem motivos Para driblar a pressão militar, FHC necessitaria de um forte motivo para justificar o cancelamento do projeto. Os problemas apontados até agora no Sivam não são considerados ainda suficientes para suspender o contrato com a Raytheon. Na avaliação de parlamentares ouvidos pela Folha, a crise do Sivam é muito mais militar do que política. Nessa análise, FHC não tem por que pagar um ônus por um contrato que não foi assinado em seu governo, mas no do ex-presidente Itamar Franco. O conselho A convocação do Conselho de Defesa Nacional, feita por FHC, não vai resolver a crise. A opinião dos parlamentares é que essa reunião foi convocada para reafirmar a continuidade do projeto (leia reportagem abaixo). A previsão é de que opiniões de ministros civis favoráveis à suspensão não vão superar a resistência dos ministros militares com assento no Conselho de Defesa. Parlamentares com acesso direto ao Palácio do Planalto dizem que FHC só teria força política para cancelar o contrato caso as investigações sobre o Sivam revelassem um exemplo grave de irregularidade. Lembram como exemplo o episódio da compra de fardas para o Exército com preços superfaturados, durante o governo de Itamar Franco. Naquele caso, havia um fato concreto para o cancelamento. Ao mesmo tempo em que está tolhido na sua ação para rever o Sivam, o presidente avalia que o governo deve enfrentar um desgaste inútil com a manutenção do contrato. Fator Zenildo A Folha apurou que, dos três ministros militares, somente Zenildo de Lucena (Exército) apoiaria uma eventual revisão do contrato. Mauro César Rodrigues, da Marinha, apóia sem reservas a posição explicitamente defendida por Lélio Lôbo, da Aeronáutica. Pesa ainda na resistência dos militares a forma como Gandra deixou a Aeronáutica. Avaliam que ele saiu desnecessariamente humilhado. (Emanuel Neri e Sônia Mossri) Texto Anterior: Aeronáutica veta revisão de contrato para o Sivam Próximo Texto: Presidente quer apoio do conselho para contrato Índice |
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