São Paulo, sexta-feira, 1 de dezembro de 1995
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Cardápio irregular prejudica A la Carta

JOSIMAR MELO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Considerando-se que o restaurante é também um lugar de passeio e que para os paulistanos este aspecto tem muito peso, então o novo restaurante A la Carta está no caminho certo. Já que, bem entendido, a preocupação com a comida também foi levada em conta.
O nome do restaurante brinca com o da promoter Alice Carta. Personalidade envolvida com múltiplas atividades, é em torno de suas relações que o lugar vem apostando para pegar, constituído a partir de sua união com César Poli e com os irmãos Cleusa e Marcos Chaves.
A concepção geral é interessante: um local bem equipado, mas informal, agradável, com três ambientes diferentes (mais todos numa escala diminuta), um cardápio pequeno, um horário flexível, e preços não exorbitantes (embora também não tão moderados quanto desejável).
Com tudo isso, o lugar poderia ser um bar badalado ou um restaurante divertido, mas medíocre. O que traz algum interesse a mais para o A La Carta é a presença do sócio Marcos Chaves, gourmet que, de chapéu branco na cabeça e jaleco no peito, assumiu as funções de chef.
Ele está encarregado de administrar um cardápio semanal constituído de meia dúzia de sugestões de amigos, que é tão heterogêneo quanto seus autores; e de tocar seu próprio cardápio, que combina pratos franceses, italianos e várias citações brasileiras.
O resultado ainda é bastante irregular, mas vem se firmando nestas primeiras semanas. O empenho do chef já aparece em pratos clássicos como um perfumado ossobuco com polenta (os pratos clássicos, de receitas tradicionais, são sempre bons indícios do desempenho de um cozinheiro).
Mas também derrapa em criações insólitas como o "reginette barolo", uma massa que mistura molho branco com manjericão com carne de porco com cascas de laranja em confit: come-se cada garfada buscando entender o nexo secreto que possa unir tais dispares ingredientes, até render-se à evidência de que é uma extravagância sem sentido mesmo.
Mas há também, num cardápio que muda sempre, os gostosos ravioli de batata-doce e mortadela com molho de tomate; a lasanha caipira (com abobrinha ao molho branco); os medalhões de filé com dois molhos (manjericão e funghi), que não decepcionam.

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