São Paulo, sábado, 2 de dezembro de 1995
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Consumidor está tímido para Natal

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

Novembro acabou e o consumidor ainda não saiu às compras de Natal. No mês passado, as vendas à vista cresceram 1,1% e a prazo 0,7% sobre outubro, diz a Associação Comercial de São Paulo.
"O consumo está praticamente estável. Houve pequena melhora", diz Marcel Solimeo, economista da associação.
A associação leva em conta o número de consultas ao Telecheque e SPC (Serviço de Proteção ao Crédito).
Solimeo conta que as lojas de eletroeletrônicos são as que estão tendo melhor desempenho, especialmente as que financiam em até 10 ou 12 pagamentos.
Para ele, o consumidor não saiu para fazer compras de Natal porque ainda está endividado e tem medo do desemprego.
"O comércio também está mais rigoroso para dar crédito desde que explodiu a inadimplência."
Uma pesquisa feita nesta semana pela Federação do Comércio do Estado de São Paulo na Grande São Paulo mostra que as vendas de novembro cresceram entre 1% e 2% sobre as de outubro.
"Foi uma surpresa. Esperávamos crescimento de 5%", afirma Vladimir Furtado, economista da federação. Para ele, o consumidor está "com o pé no chão. Por isso o Natal ainda não aconteceu."
Ele diz que o presente de Natal do governo para o consumidor -o pacote que afrouxa as restrições ao crédito- chegou tarde. O reflexo virá só no ano que vem, acredita.
"Se as medidas tivessem vindo há dois meses o consumidor estaria mais confiante para gastar."
As grandes redes de lojas também sentem neste momento o consumidor desanimado.
"Do dia 23 para cá as vendas caíram 20%. Normalmente, o consumo cresce a partir do dia 25 de novembro. Até agora isso não aconteceu", diz Samuel Klein, proprietário da Casas Bahia.
Para ele, o consumidor está sem dinheiro e o 13º já está comprometido. A Casas Bahia tem estoque para vender cerca de 45 dias.
João Alberto Ianhez, diretor da Arapuã, concorda que as compras de Natal estão atrasadas. "O Natal ainda não aconteceu." A empresa, que tem 207 lojas no país, espera vender mais neste final de semana.
Também o Mappin sente desânimo dos clientes. A empresa espera vender neste mês entre 4% e 5% menos do que no Natal de 94.

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