São Paulo, domingo, 3 de dezembro de 1995
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Água francesa é falsificada por chineses

Libération
De Paris

CAROLINE PUEL
EM PEQUIM

Garrafas de falsa água mineral Evian foram encontradas na China. Nas últimas semanas os serviços chineses de combate às falsificações, que haviam recebido uma queixa da Evian, fizeram duas operações de busca em Pequim.
As falsificações haviam sido detectadas por agentes do grupo francês num estabelecimento atacadista no bairro de Dongcheng, zona leste de Pequim.
Na primeira operação, foram apreendidas 110 caixas de água Evian falsificada. Alguns dias mais tarde, uma segunda operação, lançada desta vez no bairro de Haidian, na zona oeste de Pequim, conhecido por suas falsificações de produtos de informática, revelou centenas de caixas de falsa água Evian.
"A embalagem externa era idêntica. Só os profissionais seriam capazes de enxergar a diferença. A Danone detectou imperfeições na cor e no tamanho das letras e também na qualidade do papel", disse um funcionário da prefeitura.
O preço da garrafa falsificada destinada ao mercado chinês era quase igual ao das importadas legítimas, mas o conteúdo era bem diferente: uma água qualquer, engarrafada na Província de Guangdong, no sul do país.
Nesse caso específico, a queixa da empresa era relativa à falsificação da marca. Assim, a água em si, que não parecia fazer mal à saúde, não foi analisada.
Os rótulos das garrafas foram retirados, e as garrafas, devolvidas ao comerciante, obrigado a pagar multa equivalente a cinco vezes o lucro previsto.
As autoridades não conseguiram chegar até a origem da fraude. O próprio comerciante não sabia de onde vinham as garrafas falsificadas, que haviam passado por uma série de intermediários que pagaram em dinheiro vivo, sem deixar qualquer recibo ou fatura.
Paralelamente a seu grande crescimento econômico, a China se tornou um dos principais países produtores de falsificações. O fenômeno preocupa o governo central, que nos últimos anos vem montando um arsenal jurídico e administrativo para combater as imitações.
A proteção da propriedade particular e das marcas faz parte das condições impostas pelos países ocidentais, especialmente os EUA, para permitir o ingresso da China na Organização Mundial do Comércio. E as falsificações estão começando a prejudicar as empresas chinesas, que por sua vez procuram registrar suas marcas.
Hoje em dia os falsificadores não se contentam em imitar bolsas e sapatos: começam a visar o "design". Garrafinhas verdes mais largas no meio, estranhamente semelhantes às garrafas de água Perrier, são colocadas ao lado da água gasosa francesa dessa marca nas prateleiras das lojas.
Já existe um importante sistema de proteção legal. "As empresas precisam registrar licença, marca, copyright, design, e registrar seu produto na alfândega", explica Rodolphe Gelly, conselheiro jurídico da D.S. Meyer & Associates, em Pequim.

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