São Paulo, domingo, 3 de dezembro de 1995
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Jipes misturam sofisticação e robustez

MARCELO TADEU LIA
DA REPORTAGEM LOCAL

Sensação de segurança, visibilidade privilegiada e robustez, aliadas ao quase desprezo para enfrentar buracos, lombadas e grandes poças de água -e até enchentes- tornaram os jipes muito procurados para encarar o dia-a-dia no caótico trânsito urbano.
Os jipes, veículos utilitários para uso em qualquer terreno, são equipados com tração integral 4x4 -nas quatro rodas.
O desenho clássico surgiu nos EUA, durante a Segunda Guerra Mundial -a idéia era fabricar um veículo leve, ágil e quase indestrutível, capaz de transpor com rapidez as piores trilhas.
Os modelos atuais ainda guardam o estilo rude, mas aliam também itens de conforto de carros de passeio -ar-condicionado, direção hidráulica e vidros elétricos, por exemplo.
Essa dupla personalidade -campo e cidade- agrada em cheio apaixonados por jipes, como o empresário Ilídio Augusto Guerra Soares, 37.
Na sua garagem há uma verdadeira coleção de utilitários -JPX Montez CD 94, Bandeirantes 92, Engesa 86 e dois modelos Jeep (um 54 e outro 64).
"O jipe, para mim, é um estilo de vida. É ideal para quem gosta de dirigir na cidade imaginando uma paisagem agradável."
Nos fins-de-semana, buscar trilhas diferentes para chegar a lugares conhecidos é o hobby de Soares. "O interessante é você mesmo descobrir novos caminhos."
Soares participou ainda do Axe Adventures, em setembro, um comboio de jipes que rodou 5.500 km em trilhas de muita poeira, do Brasil até a Bolívia.
Mais urbana, porém também sempre disposta a aventuras, a estudante Debora Hara, 20, escolheu como primeiro carro justamente um pequeno Suzuki Vitara.
"O jipe pula muito quando passa em lombadas e pode até não ter o mesmo conforto de um carro, mas tem muito mais charme."
Debora diz que, entre seus amigos, o jipinho se tornou uma marca registrada.
"Todos me conhecem como a Debora do jipe, já que até as iniciais das placas do carro -DEB- fazem alusão ao meu nome."
O arquiteto Ivan Tarandach, 25, também não quer mais saber de "carros normais". Em um ano, Tarandach comprou dois jipes -um Samurai Metal Top e um Willys 63-, após incentivo de um grupo de amigos jipeiros.
Gostou tanto da mudança que começou a desvendar trilhas da serra da Cantareira e do Japi, em São Paulo.
"Quando a trilha é mais dura, uso o jipe mais antigo", diz Tarandach. Na cidade, ele prefere dirigir o Samurai.
"A sensação de dirigir um jipe e olhar o trânsito de cima é realmente fantástica, indescritível", afirma o diretor Luiz Antonio de Souza, 36.
A trabalho, Souza dirigiu um Land Rover Defender durante uma semana -da Bahia até Santa Catarina. "Andei em ruas, estradas de terra, asfalto e até dentro de áreas de mineração. O carro se saiu bem em todas as ocasiões, sem qualquer problema."
Linha 96
Os novos jipes importados 96 vão chegar por aqui com um bom atraso. A Nissan deve comercializar no próximo ano o jipe Terrano.
O Wrangler, descendente direto dos Jeep de guerra, deve ter importação regular em 96.
Modelos como os Suzuki Vitara e Samurai devem chegar ao mercado brasileiro apenas em março, enquanto os Mitsubishi Pajero não têm previsão de entrada.

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