São Paulo, segunda-feira, 4 de dezembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Alunos vão poder visitar os casarões dos barões do café

LUIZ MALAVOLTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO MANUEL (SP)

Dezoito mil alunos das escolas públicas e particulares de São Manuel (278 km a noroeste de São Paulo) poderão visitar, a partir de fevereiro, os casarões das antigas fazendas de café da cidade.
Construídos pelos "barões do café" entre o século passado e o começo do século 20, os casarões têm influência arquitetônica européia. O Departamento Municipal de Cultura está fazendo um levantamento dos 20 casarões ainda existentes na região e pedindo aos atuais proprietários que autorizem a visitação.
O diretor municipal de Cultura, Daniel Neves Filho, 74, disse que inicialmente os locais devem ser visitados apenas por grupos de estudantes. "Esses casarões são verdadeiros monumentos de uma época de riqueza gerada pelo café. As novas gerações poderão agora ter esse contato histórico".
Os alunos já podem também conhecer os 20 quadros a óleo que estão expostos no Museu Municipal Padre Manoel da Nóbrega.
Pintados pela professora Edméa Rahal Melillo, 76, e pelo artista plástico Henrique Vilelo há mais de 20 anos, os quadros mostram as antigas sedes das fazendas de café. Algumas das construções pintadas não existem mais.
"Esses quadros fazem parte da minha vida, pois fui criada nessa região e conheço um pouco da história de cada um desses casarões", afirmou Melillo.
A região de São Manuel foi desbravada pelos "barões do café" (como eram chamados os grandes produtores) há 140 anos. No início, foram usados escravos para plantar e cultivar o café.
Com o fim da escravidão, os produtores trouxeram da Europa famílias de imigrantes, principalmente italianos e espanhóis, para trabalhar nas lavouras.
Neves Filho disse que o município chegou a ter 20 milhões de pés de café há 80 anos. Hoje, eles não passam de 8 milhões. As terras foram ocupadas pela cana-de-açúcar a partir da década de 70.
Ele disse que o município chegou a ter mais de cem desses casarões. Um dos maiores cafeicultores foi Rodrigues Alves, que era dono da Fazenda Santa Maria do Paraíso. Alves foi presidente do Brasil de 1902 a 1906.
Hoje, a propriedade pertence ao Grupo Ometto, que se dedica à produção de cana, açúcar e álcool.
Neves Filho disse que parte dos novos donos das fazendas não se interessou em manter os casarões, que foram demolidos nos últimos 25 anos. "A prefeitura não dispõe de recursos para fazer reformas e manutenção dos prédios", disse.

Texto Anterior: Para deputado, ação da polícia foi 'farsa'
Próximo Texto: Lavradores moram em casarão
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.