São Paulo, segunda-feira, 4 de dezembro de 1995 |
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Grupo já vendeu 1,3 milhão de discos
LUIZ ANTÔNIO RYFF
Seis meses depois, Alecxander Alves, o Dinho, 24, cantor e líder dos Mamonas Assassinas, passou a ser atormentado pelos pedidos constantes de autógrafos dos mesmos vizinhos. Tudo por causa de 1,3 milhão de cópias vendidas, em cinco meses, do disco de estréia da banda, que transformaram o grupo no maior fenômeno fonográfico dos últimos anos e galinha dos ovos de ouro da gravadora EMI. "Fiquei magoado com algumas pessoas que passaram a me tratar com todo o respeito do mundo só porque o que eu sempre fiz durante seis anos agora está dando certo", reclama Dinho. Mágoa e vendagem tendem a subir. Só em novembro, foram vendidas 693 mil unidades. Esse ano, o disco de diamante -1 milhão de cópias- só foi alcançado por Roberto Carlos e pela dupla Zezé Di Camargo e Luciano. A história dos Mamonas começa há seis anos, quando tocavam músicas de Engenheiros do Hawaii, Legião Urbana e Red Hot Chilli Peppers. Paralelamente, Dinho costumava divertir as reuniões familiares com músicas como "Pelados em Santos" e "Vira-Vira". Em 1994, quando era assessor político de um candidato, Dinho levou a banda para animar os comícios. Passaram a tocar as "músicas de bagunça" em vez do repertório da banda. O candidato não se elegeu, mas, animados com a reação do público nos comícios, eles resolveram gravar uma fita demo com sua mistura de rock, humor infantil e letras com muitos palavrões. Sobre a acusação de fazer letras pornográficas, Dinho reconhece que pornografia é um produto vendável. Mas se defende. "A maioria das crianças que canta já sabe o que significam as palavras." Para a EMI, foram vendidos como um grupo que misturava Falcão e Raimundos. "Não tem nada a ver", diz Dinho. "Eu adoro o que ele escreve, uma besteira de primeiro nível. Mas nossos trabalhos são completamente diferentes. Raimundos é hard-core, o Falcão valoriza somente a letra e não dá importância para o instrumental, a gente é um rock-psico-brega com sonrisal", diz. Tiveram muita sorte. O diretor artístico da EMI, João Augusto, ouviu as duas primeira faixas da demo e torceu o nariz. Seu filho, Rafael, 16, escutou o grupo e adorou. Levou a fita para a escola e ela passou a ser disputada a tapa pelos colegas. João Augusto percebeu então que tinha um bom produto nas mãos. Viajou para São Paulo para se certificar que a banda não era uma armação de estúdio. Hoje, os Mamonas fazem uma média de sete shows por semana, de terça a domingo. Segunda é o dia do descanso. Dinheiro é tabu. Segundo Dinho, a banda cobra R$ 35 mil por show. O empresário, Rick Bonadio, garante que, em média, recebem R$ 20 mil. Mesmo assim, a banda já fez um pé-de-meia. O suficiente para Dinho comprar "alguns terrenos", um mitsubishi eclipse, uma caminhonete S-10, uma casa em Ubatuba e "outras coisinhas". Espaço na agenda só a partir de março. Texto Anterior: Cinema brasileiro é terra desconhecida Próximo Texto: Histeria dos fãs precede os shows Índice |
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