São Paulo, segunda-feira, 4 de dezembro de 1995
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Bridget Fonda faz 'Assassina' ter vida

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

O que o cinema francês dos anos 80 trouxe de novo? Isto é, estamos falando do pós-moderno trio BBC: Besson, Beineix, Carax.
A rigor, um cinema de personagens vazios, compostos a partir de um ponto de vista estético, nunca humano.
Neste sentido, "Nikita, o filme de Luc Besson, e seu "remake norte-americano, "A Assassina, são em parte a versão acabada de um projeto.
Estamos diante, aqui, de uma rematada criminosa, prestes a ser executada (Bridget Fonda). Mas, de tão malfeitora que é, seus serviços acabam interessando a um serviço secreto.
Com isso, a execução iminente é substituída por um simulacro. Em vez de ser morta, a jovem é reciclada, digamos assim. Isto é, "A Assassina" é uma espécie de "Robocop" da alma.
Em vez de ser um policial morto reconstituído e transformado -com a ajuda do agente secreto Gabriel Byrne- num poderoso cyborg, Bridget Fonda é uma moça de quem é expelida toda a experiência anterior, para dar lugar a uma superagente.
É interessante como este filme dirigido por John Badham concretiza o que o trio BBC formulou, mas nunca chegou a pôr em pratos limpos: para ele, o ser humano é sua função.
Nos BBC, como em Badham, isso poderia ganhar uma abordagem crítica. Não é o caso. Tudo se passa como se estivéssemos no melhor dos mundos possíveis.
Com uma contradição, apenas. Bridget, a notável representante da terceira geração dos Fonda, não parece disposta a assumir tão facilmente essa postura. Como se estivesse lá para contradizer o filme, ela injeta uma vida singular, única, ao personagem. Por acaso, isso acaba sendo o que ele tem -de longe- de mais interessante.
(IA)

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