São Paulo, segunda-feira, 4 de dezembro de 1995
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A mina das universidades

VALDO CRUZ

BRASÍLIA -O ministro Paulo Renato Souza (Educação) diz que o ensino privado brasileiro é uma "mina de ouro". Um negócio em constante expansão. A cada ano, novos donos de universidades e faculdades estão surgindo.
Até aí, tudo bem. Afinal, todo país que deu um salto no seu crescimento investiu pesado na educação. O Brasil não será exceção. Sem uma mão-de-obra qualificada, corre o sério risco de ficar patinando.
Aí está a grande dor de cabeça do ministro. A expansão do ensino brasileiro está descasada das necessidades de um país em crescimento neste final de século. Poucas escolas investem no ensino de tecnologias avançadas.
O motivo é simples: tem muita gente no setor preocupada apenas em ganhar dinheiro. Paulo Renato chega a dizer que o lema dessa gente é "quanto pior, mais lucrativo".
O alvo do ministro são os cursos universitários que, na verdade, vendem diplomas em vez de preparar o aluno para uma futura profissão. Depois da formatura é que o aluno descobre que foi iludido -e se iludiu.
Os cursos caça-níqueis são conhecidos no ministério. Estão voltados para profissões que demandam poucos investimentos da escola: administração, ciências contábeis, pedagogia, letras, direito etc.
Hoje, o que mais se encontra é contador atrás de um caixa de banco, pedagoga na secretaria de alguma empresa e advogado em busca de um concurso público. A preocupação do ministro é mudar esse quadro -que, segundo ele, acaba prejudicando a imagem das boas escolas particulares.
Paulo Renato ganhou recentemente duas armas para atingir o seu objetivo. Os testes de avaliação dos alunos no final dos cursos e o recredenciamento das escolas a cada cinco anos.
A escola que apresentar um resultado péssimo nos exames de avaliação, denunciando que se preocupou mais em vender um diploma do que em preparar o futuro profissional, vai perder o seu registro na hora do recredenciamento. Paulo Renato acredita que em cinco anos o quadro será outro.
Para o próximo ano, ele já antecipa o seu novo campo de batalha na busca de sintonizar o ensino brasileiro com o crescimento do país. Vai propor mudanças no secundário, preocupado em sua grande maioria apenas em preparar o aluno para o vestibular.

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