São Paulo, terça-feira, 5 de dezembro de 1995
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IZ critica manipulação do resultado

SEBASTIÃO NASCIMENTO
DA REPORTAGEM LOCAL

Ao contrário do que costuma ser divulgado por algumas associações de criadores de bovinos, nenhuma raça pode ser considerada vencedora individual das provas de ganho de peso promovidas anualmente pela Estação Experimental de Sertãozinho (SP).
A afirmação é de Alexander Razook, pesquisador científico da Estação Experimental e um dos responsáveis pela prova.
"Aqui não se disputa nenhum campeonato", diz ele.
O evento tem uma proposta didática e seu objetivo é avaliar o ganho de peso dos reprodutores, recomendando os melhores de todas as raças, para que sejam usados pelos criadores, explica Razook.
O pesquisador considera impossível fazer comparação entre as raças. "Seria necessário uma demarcação estatística prévia se o propósito fosse escolher a melhor".
Razuk explica que cada raça apresenta um número diferente de animais.
"Este ano, por exemplo, a Estação Experimental colocou 233 cabeças de nelore, enquanto raças como simental e pardo-suíça não ultrapassaram a dezena", diz.
Ele observa ainda que as associações ou criadores que comparecem com um número baixo de animais levam a vantagem de poder selecioná-los "a dedo".
A prova terminou em outubro. Na versão 95, teve início em abril e dez raças produtoras de carne participaram.
Ela é a mais antiga realizada no país. Começou em 1951 e tem por objetivo avaliar o peso final e a capacidade de ganho de peso diário dos animais.
Segundo Razook, já foi confirmado que o touro que ganha bastante peso tem capacidade de transmitir essas características aos bezerros.
A prova dura 378 dias. Os animais, este ano num total de 516, permanecem confinados sob condições iguais de manejo e alimentação. São pesados a cada 56 dias.
O confinamento começa logo após a desmama (sete meses de idade).
No final da prova, os animais são catalogados nas categorias elite, superior e comum.
Os incluídos nas duas primeiras categorias, considerados os melhores animais pelos técnicos, são recomendados como reprodutores.
"Seria importante que as associações e os criadores, ao divulgarem os resultados da prova, deixassem de fazer comparações entre as raças", diz Razook.
O técnico reconhece que é difícil impedir que as associações ou os criadores distorçam o resultado.
"É um tipo de marketing. Mas não tem validade e os gráficos que eles costumam elaborar também não são reconhecidos por nós", diz Razook.

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