São Paulo, terça-feira, 5 de dezembro de 1995
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Cade descarta investigar Wal-Mart

Órgão vê 'estratégia mercadológica'

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), Ruy Coutinho, disse ontem que não pretende pedir a abertura de investigação contra a rede norte-americana de hipermercados Wal-Mart, que foi acusada de "underselling" (venda de produtos abaixo do preço de custo).
"Ao que parece, foi apenas uma estratégia mercadológica. Não há nenhuma irregularidade no comportamento da Wal-Mart", disse.
Segundo ele, nem sempre é proibida a venda de produtos abaixo do preço de custo. "O 'underselling' fica caracterizado apenas se houver uma prática continuada. Tenho a informação de que a Wal-Mart usou preços mais baixos apenas pelo período de uma semana, para efeito de propaganda."
Coutinho disse que o artigo 21 da lei antitruste proíbe apenas a venda "injustificada" de produtos abaixo do custo, com o objetivo de exercer de forma abusiva uma posição de mercado.
Ou seja: o Cade só intervém se uma empresa abaixa o preço para, por exemplo, quebrar os concorrentes e dominar uma fatia maior do mercado. "Ficou comprovado que esse não é o caso".
Recém-instalada no país -com duas lojas na Grande São Paulo-, a Wal-Mart foi acusada, na semana passada, de vender abaixo das tabelas de preços dos fabricantes. A Nestlé chegou a ameaçar com a fixação de cotas de produtos para a rede americana. No final de semana, voltou atrás.
Ontem, o procurador da diretoria da Nestlé, Jone Nogueira, entregou documento a Coutinho em que considera o episódio "superado". "Ao contrário da Wal-Mart, o comportamento da Nestlé, de fixar cotas, poderia ser considerado infração à lei antitruste", disse Coutinho.

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