São Paulo, terça-feira, 5 de dezembro de 1995
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A guerra dos protocolos

MARIA ERCILIA
DA FOLHA ONLINE

Passei o fim-de-semana lidando com ferramentas de som e imagem para a Web. Fiquei até as orelhas de Java, VRML, .avi, RealAudio, Iphone e outros bichos.
A conclusão é que o "hard disk" e a paciência precisam ser enormes se você quer ver a quantas anda a multimídia na Internet. E que a grande briga de padrões e protocolos que acontece hoje vai determinar o futuro da rede.
Baixei o Netscape 2.0b2 (já tem agora o 2.0b3) da páginas da Netscape (http://www.netscape.com), instalei o WebFX, para ver páginas geradas em três dimensões. Funcionou OK.
Já o WebSpace da Silicon Graphics (também para 3-D) só travou o computador (um Pentium 100mHz).
A Netscape começa a chamar seu programa de plataforma. Ou seja, quer a todo custo que ele se torne uma espécie de Windows para a Web, com todos os aplicativos (correio, grupos de discussão etc.) rodando em cima dele. Já tem um programa de chat (conversa), jeitoso mas sem nada de especial, igual aos antigos programas de IRC para Unix.
A idéia é adicionar os "plug-ins" (softwares de outros fabricantes, embutidos no programa), como o suporte para Java (linguagem que permite a transmissão de animações e modelos em três dimensões pela Web) e para VRML (linguagem para programação em 3-D).
A Microsoft está fazendo tudo no mesmo figurino: disponibilizou seu Internet Explorer, clone do Netscape, para download gratuito (http://www.microsoft.com).
O Explorer tem suporte para animações no padrão .avi, suporte para VRML, áudio etc. e vai sair em 12 línguas, inclusive português brasileiro. Quase tudo o que o Netscape tem, só que em outros padrões.
Só que esta guerra técnica cria uns problemas chatos numa estrutura de rede. Quando o Mosaic nasceu, primeira opção de programa gráfico para a Web, era baseado somente no HTML, uma linguagem de hipertexto tão universal quanto o TCP/IP (protocolo de comunicação da Internet).
A Netscape adicionou suas próprias extensões a este padrão, que possibilitam páginas mais bonitas (é possível variar a cor dos fundos, centralizar os elementos da página etc.), mas as melhorias são invisíveis para outros programas, como o Cello e o Mosaic.
Resultado: adeus plataforma universal. Imagine se daqui a uns anos existem uns quatro programas vencedores no mercado. Aí você tem que ter os quatro na sua máquina, e trocar conforme a página. Que pesadelo.
A outra opção é um programa monopolizar a rede, possivelmente o Netscape, que viraria uma espécie de Microsoft da Internet.
Existe um movimento na Internet contra extensões do HTML. A idéia é que todas as inovações estejam presentes no HTML, que é uma linguagem pública.
Mas essas alturas isso já virou sonho. Um exemplo foi a página de VRML que eu acessei depois de instalar o WebFX. A mensagem dizia: "esta página funciona bem quando vista com o WebSpace, mas não com o WebFX". Frustração...
Brincando com fogo
O Survival Research Labs é uma espécie de Fura dels Baus tecnológico. É um grupo que constrói máquinas doidas, apresentadas em performances secretas. O SRL, que fica em San Francisco, está proibido de se apresentar lá, por que seus shows sempre envolvem fogo e projéteis.
Semana passada fizeram o show "Crime Wave" em San Francisco, com robôs tipo Terminator, lança-chamas fabricando fogo em forma de furacão, catapultas, um robô de seis pernas andando para lá e para cá... A hecatombe foi transmitida ao vivo pela Internet.
No http://robotics.eecs.berkeley.edu/SRL tem detalhes sobre o trabalho do SRL. É um belo site, com um fundo em chamas.
Inclui fotos arrepiantes, como a mão destruída de Mark Pauline, diretor do SRL. Ele sofreu um acidente durante experiências com combustível de foguete...

O e-mail de NetVox é netfolha@sol.uniemp.br

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