São Paulo, quarta-feira, 6 de dezembro de 1995
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Dirigente do Incra é acusado de doação ilegal

DA SUCURSAL DO RIO

O deputado estadual Francisco Velloso (PSDB), presidente da CPE (Comissão Parlamentar Especial) da Reforma Agrária da Assembléia Legislativa do Rio, disse ontem que vai pedir o afastamento do superintendente regional do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), Altamir Pettersen.
Pettersen é acusado de ter doado a um empresário área do Incra no Estado destinada a assentamento.
Ele se defendeu ontem na CPE da acusação de ter repassado ilegalmente três hectares em Duque de Caxias (Baixada Fluminense) ao empresário Atahualpa Lessa.
O documento de cessão provisória, de fevereiro último, trata a área como agrícola e exige que o empresário more no local, o que não ocorre.
Lessa, que passou mal após prestar depoimento, disse que construiu há três anos uma fábrica de laje e tijolos na área, na beira da rodovia Washington Luís (Rio-Petrópolis).
Ele negou a acusação de ter sido beneficiado em troca da cessão de material para o superintendente do Incra usar na construção de uma casa em Niterói. Disse conhecer Pettersen há dois anos.
Há cinco anos no cargo, Pettersen afirmou ter sabido da existência da propriedade em Duque de Caxias recentemente.
Segundo ele, o Incra iniciou procedimentos para vender a área, que é alagadiça e imprópria para assentamentos.
"Diante das acusações que ouvimos, ele (Pettersen), no mínimo, deveria se afastar. A médio prazo, vamos pedir ao Incra sua substituição", disse o presidente da CPE. Ele disse ter informações de que o Incra do Rio foi o único a não pedir verbas para 1996.
Pettersen alegou estar sendo vítima de um movimento político por sua substituição, "que, por incrível que pareça, une a extrema direita à extrema esquerda".
Ele culpou os antecessores pela morosidade dos processos de assentamento no Estado. A área de Duque de Caxias foi repassada pela União ao Incra há 30 anos.
O presidente do sindicato de trabalhadores rurais de Cabo Frio (168 quilômetros do Rio), Manoel Barbosa, disse na CPE que os deputados federais José Egydio (PL) e José Maurício (PDT) ocupam 250 hectares da gleba Campos Novos, que pertence ao Incra e deve ser usada para reforma agrária.
O presidente da CPE disse que vai convidar os dois deputados a prestar depoimento e se defenderem da denúncia.
José Egydio afirmou ontem que a fazenda, de 1.237 hectares, foi comprada da empresa Araça Agropecuária Ltda em uma transação registrada no cartório de imóveis de Cabo Frio. Segundo ele, a fazenda faz divisa com a gleba Campos Novos.

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