São Paulo, quarta-feira, 6 de dezembro de 1995 |
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A Farsa
NELSON DE SÁ
Ele resumiu em poucas frases, semanas atrás na Cultura. - Fazem esta distinção e colocam num plano inferior a cultura popular em relação à erudita, a cultura que eles chamam arcaica em relação à de vanguarda, e o que eles chamam de cultura local em relação à cultura universal. Essas distinções não têm a menor validade. Em suma: - A única distinção que eu acho válida em arte é entre arte ruim e arte boa. Arte boa que até cabe na televisão, nada mais popular. Foi o próprio Ariano Suassuna quem abriu, quem fez as apresentações dos blocos de "A Farsa da Boa Preguiça", ontem na Globo. A peça tornada programa, dirigida por Luiz Fernando Carvalho, faz parte do maior trabalho de cultura e arte brasileira na televisão, não por acaso sob a direção geral de Guel Arraes. Um trabalho que, seguindo os passos do escritor paraibano, não vê distinção entre cultura popular e erudita, entre cultura arcaica e de vanguarda, ou entre cultura local e universal. E que, como acontecia ontem na "Farsa", ironiza com crueldade quem quer ver as distinções e busca uma cultura brasileira "pura", "autêntica", inofensiva. Ariano Suassuna é perigoso. A invasão, ao que parece, está apenas começando. Em campanha A eleição mais próxima demora um ano, mas já tem candidato com o bloco na televisão. Eles surgem em programas próprios ou em participações constantes, no que se pode descrever como aprendizado. É o que acontece com Celso Pitta, o Colin Powell malufista, mais do que possível candidato a prefeito -ou vice, em caso de reeleição. Celso Pitta ainda precisa aprender. Ontem no Gazeta Meio-Dia, teve grande dificuldade para sustentar a decisão do prefeito de aumentar mais o IPTU da periferia e menos o dos Jardins. Dizia, "eu vou explicar...", "eu quero explicar o seguinte", e mais gaguejava do que explicava. Texto Anterior: Bingueiros negam tentativa de extorsão Próximo Texto: Incra pede R$ 120 mi para cumprir sua meta Índice |
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