São Paulo, quarta-feira, 6 de dezembro de 1995
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Empresário é solto por acaso no Rio

CLÁUDIA MATTOS
DA SUCURSAL DO RIO

O empresário Antônio José Estima, 33, sequestrado na última quarta-feira, foi libertado ontem de seu cativeiro, próximo ao morro do Tuiuti, em São Cristóvão (zona norte do Rio).
Ele foi encontrado por acaso por uma equipe de 12 policiais da 15ª DP (Delegacia de Polícia) que estavam no local à procura de um depósito de armas e drogas. Segundo a Secretaria da Segurança, a polícia desconhecia seu sequestro.
Estima, que fabrica jóias e bijuterias, foi sequestrado quando chegava a seu trabalho no Jacaré (zona norte). Ele foi levado para seu cativeiro, uma casa em uma rua residencial de acesso ao Tuiuti, dentro de uma caixa de papelão.
Foi esse fato que chamou a atenção de um informante da polícia, que decidiu revistar o local. Ao chegar à casa, os policiais encontraram Estima e três homens que tomavam conta do cativeiro. Os três estavam armados, foram presos e levados para a DAS (Divisão Anti-Sequestros), onde Estima prestou depoimento.
Segundo a polícia, que não revelou os nomes dos sequestradores, um deles, conhecido por "Gin", teria participado também do sequestro de David Kogan, morto ao tentar fugir do cativeiro e cujo corpo não foi encontrado.
Estima -que, apesar de trabalhar no Rio, mora em Três Rios (a 123 km de distância)- chorou muito e só acreditou que estava sendo resgatado por policiais ao ver seus documentos.
Segundo o relato de Estima, no último domingo, seus sequestradores o torturaram psicologicamente, apontando um fuzil para sua cabeça e para seu peito, gravaram as cenas em uma fita de vídeo e a enviaram para sua família. Apesar disso, no exame de corpo de delito, feito na DAS, Estima não apresentou nenhum hematoma.
"A tortura foi mais uma encenação dos sequestradores para impressionar a família dele", disse o delegado Sérgio Caldas, diretor da delegacia Metropol 2 (regional da zona sul). Junto com a fita, os sequestradores apresentaram um pedido de resgate de R$ 2 milhões.
Estima não quis falar com jornalistas. Para evitar o assédio da imprensa na chegada à DAS, ele entrou disfarçado de policial, vestindo um colete da Polícia Civil e com uma arma na mão.
Segundo números oficiais, seis pessoas estão em cativeiro no momento no Rio.

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