São Paulo, quarta-feira, 6 de dezembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Capitão nega que PM tenha matado reféns

CRISPIM ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-comandante do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais), capitão Wagner Cesar Gomes de Oliveira Tavares Pinto, 36, contestou os laudos do IC (Instituto de Criminalística) sobre a ação de sua tropa no desfecho de uma tentativa de assalto no Morumbi.
A ação, na madrugada de 8 de outubro, terminou com a morte de dois reféns e dois ladrões. Laudos da balística e de local do IC apontam os PMs como responsáveis pelas mortes dos reféns.
Tavares Pinto e mais quatro PMs prestaram depoimentos ontem no inquérito militar que apura se houve excesso do Gate na invasão do barracão, onde dois ladrões mantinham 18 como reféns.
"É um laudo viciado. Estão cometendo uma leviandade terrível", afirmou o capitão, se referindo ao exame realizado no projétil encontrado na cabeça do refém Osmar Moura do Nascimento.
Na semana passada, o delegado Vicente Cristófaro, do IC, afirmou que o instituto não faria um laudo com interesse de agradar alguém.
Com relação ao laudo de local, que aponta ser um PM também o responsável pela morte do refém João Correia Sobrinho, mediante o exame de trajetória de balas, Tavares Pinto afirma que a posição dos seus subordinados não bate com a divulgada pelo IC.
Segundo o IC, Sobrinho foi morto com uma bala proveniente de uma rajada de oito tiros disparada do lado de fora do local de cativeiro. Pela posição de disparo, a rajada teria sido dada pelo sargento Silvio Sabino.
"O sargento Sabino estava do lado de fora, mas não tinha como ele matar o refém." Segundo o capitão, não houve disparo de rajada. "Como iríamos dar uma rajada ali, com 20 pessoas lá dentro?"
Ele disse ter certeza de que nenhum dos seus homens matou os reféns. "Se provar que algum tiro pegou, o que vou fazer? Não vou me matar. Vamos responder."
Todos os PMs ouvidos ontem confirmaram a versão de que houve um tiro antes da invasão do cativeiro. Nenhum dos reféns sobreviventes confirma essa versão. O inquérito militar deverá ser concluído em duas semanas.

Texto Anterior: Fumante 'foge' de fiscais da prefeitura em restaurante
Próximo Texto: Empresário é libertado por acaso de cativeiro na zona norte do Rio
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.