São Paulo, quarta-feira, 6 de dezembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Game em CD ganha realismo

MARINA MORAES
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE NOVA YORK

Confesso: matei John Wayne com um tiro no peito em pleno saloon. Foi legítima defesa. Nos encontros anteriores, foi ele que tinha me acertado.
Mas, dessa vez, saquei mais rápido e mandei o bonitão para o inferno.
Imaginem só o prazer dos fãs de faroeste de poder repetir o parágrafo acima. Se o John Wayne já morreu faz tempo, e você não tem a menor pontaria, não importa. Um dia, quem sabe, teremos chance de propor o desafio ao ator. Não propriamente em carne e osso.
No mundo dos CD-ROM, tudo é possível. Principalmente nos videogames.
Alguém aí se lembra dos primeiros, pouco mais que jogos de perguntas e respostas? Depois, vieram os gráficos, o som e as cores e agora entramos em uma nova era.
Aqui é conhecido como "full motion video", imagens equivalentes às do cinema ou da TV que têm sido incorporadas aos videogames de última geração.
Só foi possível adotar a novidade quando os computadores de tornaram rápidos o suficiente para digerir a nova tecnologia.
Por conta disso, abriu-se um fantástico campo de trabalho para atores e atrizes de Hollywood. Christopher Walken, aquele do "Franco Atirador", será a estrela do videogame "Ripper", que chega em breve ao mercado.
Ele fez seu papel como se estivesse num set de cinema. Com apenas uma diferença: teve que repetir as cenas várias vezes, para acomodar as diversas opções que o jogador terá quando der de cara com o personagem no videogame.
Não é o só pessoal de Hollywood que estrela CDs. Um famoso técnico de futebol americano foi convidado a sentar no banco de um jogo imaginário e "aconselhar" o jogador de videogame de acordo com seu desempenho na partida. Às vezes, com palavrões.
Por enquanto, o orçamento para a produção dos CDs interativos é modesto, algo em torno de US$ 4 milhões por jogo.
Os atores ganham menos, mas também não trabalham tanto quanto em um filme.
A previsão é de que, em menos de cinco anos, grandes nomes de Hollywood entrem na onda, quem sabe controlando a produção. Já pensaram que beleza os videogames "Nos braços de De Niro" ou "Aventuras com Sharon Stone?
Quanto ao sonho inicial, aquele de enfrentar John Wayne em um desafio, em tese, também será possível.
Basta reaproveitar cenas de filmes do ator e construir o jogo em torno delas, como se viu em cenas de "Forrest Gump". Depois que John Lennon foi trazido de volta para "cantar" com os Beatles, nada mais é surpresa nesse mundo.

Texto Anterior: Apple reduz preço de micros para Natal; Americano com PC em casa assiste menos TV; Fabricantes esperam vendas de 2,3 mi de micros
Próximo Texto: Cartucho de game liga usuário à Internet
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.