São Paulo, quarta-feira, 6 de dezembro de 1995
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Amir é acusado formalmente de assassinato

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O assassino confesso do primeiro-ministro de Israel Yitzhak Rabin foi acusado por um tribunal de Tel Aviv pelo crime ontem, mesmo dia em que terminou o período de 30 dias de luto oficial no país.
Segundo a polícia, Yigal Amir e dois acusados de cumplicidade no crime -seu irmão Hagai e Dror Adani- devem comparecer hoje a um tribunal de Tel Aviv para serem acusados formalmente.
"As acusações foram oficialmente registradas. Amanhã (hoje) eles serão acusados no tribunal", disse o porta-voz da polícia Eric Bar-Chen.
Segundo a Rádio Israel, Yigal Amir foi acusado de assassinato premeditado. Ele, Hagai e Adani foram acusados de conspirar para matar o premiê e de planejar ataques contra árabes.
A emissora afirmou que Hagai e Adani não sabiam do plano para matar Rabin em 4 de novembro e, por este motivo, não foram acusados de assassinato.
Os três teriam discutido várias maneiras de matar Rabin. Foram cogitados o uso de um carro-bomba, o lançamento de um míssil, um atentado a tiros contra a casa do premiê ou um ataque em uma entrevista, escondendo a arma em um gravador ou microfone.
Nove pessoas, todos judeus na faixa dos 20 anos, já foram presas por suspeita de ligação com o crime. Anteontem, o soldado Arik Schwartz foi acusado de fornecer explosivos a Amir.
O material seria usado em ataques contra palestinos.
O estudante de direito Yigal Amir, 25, afirma que agiu sozinho e não se arrepende da ação. Ele disse ter matado o premiê após um comício da paz em Tel Aviv porque Rabin estava entregando terras sagradas aos palestinos.
Líderes israelenses, familiares e amigos de Rabin foram ontem ao cemitério do monte Herzl para participar da cerimônia que marcou o final do período de luto de 30 dias.
"Yitzhak, você foi assassinado porque estava certo. Você foi assassinado porque venceu", disse em discurso o primeiro-ministro Shimon Peres.
Desde que substituiu Rabin na chefia do governo israelense, Peres manteve em curso a retirada de tropas israelenses da Cisjordânia, acertada em um acordo assinado por Rabin e pelo líder da OLP, Iasser Arafat, em setembro.
Ele também pediu à Síria a retomada das negociações de paz. Ele se encontraria ontem com o enviado dos EUA, Dennis Ross, depois de o diplomata norte-americano ter feito uma reunião com o presidente sírio, Hafez al Assad.
Durante a cerimônia, a viúva de Rabin, Leah, cumprimentou o líder do partido direitista de oposição Likud, Binyamin Netanyahu.
Após a morte do premiê, ela acusou Netanyahu de ter criado a atmosfera hostil que resultou no assassinato de seu marido.
Leah Rabin substituiu o vestido preto por um conjunto azul e uma echarpe colorida sobre os ombros.
"Como aconteceu? Como isso aconteceu para nós, entre nós", perguntou o chefe do Exército israelense, general Amnon Shahak.
"A busca em nossas almas não cessou com o fim dos 30 dias de luto. Talvez esteja apenas começando agora."
Outras cerimônias em homenagem a Rabin também ocorreram em escolas israelenses.

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