São Paulo, quinta-feira, 7 de dezembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Telebrás aumenta dívidas para investir

FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A MELBOURNE

A Telebrás planeja aumentar seu endividamento e manter uma política tarifária "realista" para investir cerca de US$ 29 bilhões até 1999 em telecomunicações.
A estatal tem um endividamento baixo hoje, de cerca de US$ 3 bilhões. Pretende, já em 96, captar dinheiro no mercado para cumprir a meta de investir US$ 6,6 bilhões durante o ano (US$ 2,5 bilhões a mais do que em 95).
Há pouco mais de dez dias na presidência da Telebrás, Fernando Xavier Ferreira, ex-secretário-executivo do Ministério das Comunicações, disse à Folha que o Brasil tem condições, "em um prazo curto", de equiparar-se à Argentina em telefonia básica.
Na Argentina, existem 15 telefones para cada cem habitantes. No Brasil, nove para cada cem.
Leia a seguir trechos da entrevista que Ferreira concedeu em Melbourne, Austrália, onde participou da NTIOC'95 (National Trade and Investment Outlook Conference), promovida no país para atrair negócios e investimentos estrangeiros.

Folha - Quanto a Telebrás pretende investir nos próximos anos?
Fernando Xavier Ferreira - Dentro dos US$ 35 bilhões que achamos necessários em investimentos até 1999, a Telebrás deve participar com pelo menos US$ 28 bilhões.
Folha - Com que dinheiro?
Ferreira - Principalmente do próprio negócio da empresa, que é lucrativo, e de recursos que pretendemos tomar no mercado. O objetivo é dobrar, já em 96, o total de investimentos em relação às taxas da empresa dos últimos anos, que não passavam de US$ 3,5 bilhões ao ano. Com isso, queremos também valorizar a empresa para uma possível privatização.
Folha - Qual seria o limite de endividamento?
Ferreira - Ainda estamos analisando isto. Mas nada que possa comprometer a companhia, que hoje tem dívidas da ordem de US$ 3 bilhões. Mas também teremos recursos próprios para investir, já que o governo abandonou a política de controlar o déficit público com a receita de estatais rentáveis, como a Telebrás, e está adotando uma política tarifária mais realista. Os últimos aumentos de preços em novembro, por exemplo, eliminaram subsídios que eram ridículos, como cobrar R$ 0,60 pela assinatura do serviço local residencial. O valor não pagava o papel da conta.
Folha - E os investimentos privados?
Ferreira - Devem começar à medida que o governo for encaminhando a reforma estrutural do setor e licenciando grupos para também explorar os serviços de telecomunicações. Estas empresas entrarão nas áreas onde o sistema estatal começar a sair. Não há um rígido cronograma estabelecido, mas esperamos que o primeiro passo seja a exploração do serviço de telefonia celular por empresas privadas a partir de 1997.

O jornalista FERNANDO CANZIAN viajou a Melbourne a convite da Embaixada da Austrália.

Texto Anterior: Banespa terá que demitir 5.000 para evitar perdas após acordo
Próximo Texto: Afastado por irregularidade vira mediador
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.