São Paulo, quinta-feira, 7 de dezembro de 1995
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Cai juro no mercado futuro; Bolsa sobe

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

As declarações do secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, José Roberto Mendonça de Barros, e a atuação do BC (Banco Central) convenceram o mercado financeiro de que a queda dos juros em 1996 se dará em ritmo maior do que o esperado.
Pela manhã, o BC tomou dinheiro emprestado no over por dois dias à taxa de 4%.
Até hoje, e desde o início do mês, o BC vinha tomando recursos a 4,01% -taxa que era considerada o "piso" dos juros para o Natal deste ano. À tarde, o BC voltou a tomar recursos emprestados, pagando juros de 3,97%.
Essa segunda atuação deixou o mercado em dúvida. Mas a maioria dos operadores acredita que ela foi punitiva e não mostra uma tendência para o preço do dinheiro.
Quer dizer, até agora, entende o mercado, o juro permanece escorchante em dezembro e cai mais rapidamente a partir de janeiro.
Os analistas salientaram que Mendonça de Barros foi o primeiro integrante da equipe que não usou o termo gradual para tratar dos juros.
Essa avaliação pôde ser vista no fechamento do mercado futuro de juros. As taxas previstas para os quatro primeiros meses de 96 caíram, no acumulado, 0,15%.
Detalhe: como o BC está tomando dinheiro emprestado para balizar o juro, há quem aposte em uma alta das taxas do over-Selic (mercado de títulos públicos) para hoje. O mercado, avalia-se, estaria "furado" (jargão para dizer que há menos dinheiro do que títulos).
Em suma, apesar das novas expectativas, o cenário de dezembro não se alterou.
Juro alto e dólar entrando. O BC compra dólares (ontem, não fugiu à regra) e se diz preocupado com o excesso de liquidez somente para justificar, no plano da retórica, a pratica de juros malucos.
O círculo se fecha com a apresentação da conta ao Tesouro, que a repassa ao contribuinte, em nome da estabilidade.
Na Bolsa paulista, que teve eleição dos novos conselheiros ontem, mais um "round" da batalha entre "comprados" (que apostam na alta) e "vendidos" (na baixa).
No centro da guerra está Telebrás, que ontem fechou em alta de 0,8%, concentrando 62,8% dos negócios no mercado à vista. A Bolsa subiu 0,52%.

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