São Paulo, quinta-feira, 7 de dezembro de 1995
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A indústria demite

É desanimador o repique no ritmo de demissões registradas pela Fiesp na quarta semana de novembro. A indústria paulista está cortando vagas desde maio último. Era de se esperar que a proximidade do Natal trouxesse alguma melhora. Isso não ocorreu.
Ainda que a desaceleração da economia explique parcialmente o fraco desempenho do nível de emprego, está em curso um processo mais complexo. No passado, a modernização da agricultura reduziu o emprego no campo. Agora, a progresso tecnológico está liberando mão-de-obra da indústria sem que outros setores mostrem-se capazes de absorver esses contingentes.
Além dessa tendência estrutural, o país sofre ainda os efeitos da adaptação a uma economia mais integrada internacionalmente. Outras nações que passaram por processos similares de integração também registraram o fenômeno.
No Brasil, após uma década de superávits anuais de US$ 8,3 bilhões a US$ 15,3 bilhões, a balança comercial registra até outubro um déficit acumulado de US$ 3,1 bilhões. Trata-se de uma guinada impressionante. E significa que, em 1995, o consumo de importados ajudou a frear a produção local.
Assim, seja como resultado da desaceleração, do progresso tecnológico ou da adaptação a um novo modelo econômico, é inegável que a criação de empregos está hoje entre os maiores desafios do Brasil, bem como de todo o mundo, variando apenas o grau. E a solução não parece estar à vista.

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