São Paulo, sexta-feira, 8 de dezembro de 1995
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Empresa fornecedora de radares diz que cabe à Raytheon explicar preços

DA SUCURSAL DO RIO

O vice-presidente para sistemas de radares e sensores da Lockheed Martin, empresa norte-americana encarregada de fornecer seis radares móveis ao Sivam, Stanton Sloane, atribuiu ontem à Raytheon, líder do consórcio para a implantação do Sivam, a responsabilidade sobre os preços dos equipamentos apresentados.
Em entrevista em um hotel de Copacabana (zona sul do Rio), Sloane disse que veio ao Brasil "trazer um pouco de ordem a este caos inteiro que se criou" em torno do contrato entre a Raytheon e o governo para implantar o Sivam.
Segundo ele, são falsos todos os preços já divulgados pelos jornais brasileiros como sendo os cobrados pela Lockheed Martin (recente fusão entre a Martin Marietta, que participou da concorrência, e a Lookheed) para o fornecimento dos radares.
Esse preço, segundo o senador Gilberto Miranda (PMDB-AM), teria sido de US$ 116,2 milhões, contra US$ 86,7 milhões da Westinghouse.
Sloane se recusou a dizer qual foi o preço cobrado por sua empresa, mas insinuou que os preços foram alterados pela Raytheon ao apresentar o conjunto do projeto ao governo.
"Não gostaria de falar sobre o preço. Nós fizemos o nosso preço para a contratante principal, a Raytheon, que nos disse que nossos preços eram competitivos com os da Westinghouse. O que ocorreu depois com os preços vocês têm de perguntar para a Raytheon", disse.
Sloane exibiu vídeos em que aparecem os radares da Lockheed em funcionamento, principalmente no Alasca, e afirmou que há "interpretações grosseiras, erradas, feitas por pessoas que não têm a menor idéia do que estão falando".
Ele se referia às afirmações do senador Gilberto Miranda segundo as quais os radares da empresa são protótipos que nunca estiveram em funcionamento.
Segundo o vice-presidente da empresa, os radares a serem construídos para o Brasil têm 93% de semelhança com 113 radares produzidos pela empresa e em funcionamento em 15 países.
Os 7% de diferença, segundo ele, são relativos a alterações que qualquer outro modelo teria de sofrer para se adaptar às condições da Amazônia, como o revestimento metálico que protege os equipamentos.
Entre os fatores que levaram a Lockheed Martin a vencer a Westinghouse na concorrência, segundo Sloane, estão os custos menores de manutenção e o alcance maior do radar, especialmente em dias chuvosos.
Os radares TPS-B34, da Lockheed, alcançam 380 km com o tempo aberto, 50 km a mais do que os da concorrente, segundo Sloane. Em dias de muita chuva, a diferença seria de 145 km contra 16 km.

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