São Paulo, sexta-feira, 8 de dezembro de 1995
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Assassinato de jovens é denunciado à OEA

VANDECK SANTIAGO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

O assassinato de dois integrantes do Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua foi denunciado ontem em Recife (PE) à Comissão de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos).
John Donaldson e Patrick Robinson, membros da comissão, que estão em Recife, não comentaram o caso.
"Eles nos disseram que iriam analisar a denúncia e nós nos comprometemos a lhes enviar mais informações posteriormente", disse o advogado Marcelo Santa Cruz, do Centro de Defesa de Direitos Humanos dom Hélder Câmara.
Édson dos Santos Turiano, 19, e José da Silva, 21, foram mortos a tiros na madrugada da última terça-feira. Eles foram enterrados anteontem em Olinda (PE). A família dos dois não foi localizada.
Eles haviam sido sequestrados por cinco homens encapuzados do barraco onde estavam. No barraco havia outros três rapazes, até agora as únicas testemunhas do caso.
Os três estão sob proteção policial e suas identidades são mantidas em sigilo, para evitar possíveis represálias (leia texto ao lado).
Os dois integrantes da Comissão de Direitos Humanos da OEA encontraram-se ontem com o prefeito de Recife, Jarbas Vasconcelos (sem partido), e com o governador Miguel Arraes (PSB).
Donaldson (de Trinidad e Tobago) e Robinson (da Jamaica) chegaram anteontem a Recife, vindos de Salvador (BA).
Silva, um dos mortos, era um dos principais líderes em Recife do Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua, organização não-governamental que defende os direitos de crianças e adolescentes carentes. Nenhum diretor da entidade foi encontrado ontem.
Em 1991, Silva prestou depoimento na CPI do Extermínio, em Brasília, sobre a ação de grupos de extermínio em Recife.
O delegado Djalma Raposo, que apura o caso, acredita que esse depoimento pode ter sido a causa da morte de Silva. "Mas as investigações estão apenas começando."
Segundo a Secretaria de Segurança Pública de Pernambuco, Turiano e Silva não tinham antecedentes criminais. Raposo descartou a possibilidade de as mortes terem sido provocadas por briga de gangues. "Os assassinos chegaram em dois automóveis. Em brigas de gangue não existe isso."

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