São Paulo, sexta-feira, 8 de dezembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Para associação, trânsito será prejudicado

PATRICIA DECIA
DA REPORTAGEM LOCAL

O movimento Defenda São Paulo (que reúne associações de moradores) vai entrar na Justiça contra a construção de um shopping de 77 mil m2 na extensão da avenida Faria Lima, no Itaim (zona oeste).
O projeto é de autoria do arquiteto Júlio Neves, responsável pelo plano de extensão da avenida, e teve a última parte aprovada ontem pela CNLU (Comissão Normativa de Legislação Urbanística).
Essa é a primeira grande obra beneficiada pela Operação Urbana Faria Lima, que permite a construção além do estabelecido pela Lei de Zoneamento, por meio da compra de Cepacs (Certificado de Potencial Adicional de Construção).
O shopping será construído ao redor da Casa Bandeirista, tombada pelo Condephaat (órgão que cuida do patrimônio histórico), no terreno onde existiu o sítio Itaim -que deu origem ao bairro.
Segundo o presidente do Defenda São Paulo, Roberto Saruê, 46, o objetivo é anular a aprovação.
Ele aponta três motivos: a preservação do sítio e sua vegetação, o impacto da obra no trânsito da região e um parecer da Emurb (Empresa Municipal de Urbanismo) contrário aos critérios de definição da contrapartida, ou seja, o valor que a prefeitura receberá pela obra (leia texto ao lado).
"É uma contradição colocar um shopping em uma avenida feita para aumentar a fluidez do trânsito. A prefeitura também está vendendo a memória da cidade", diz.
Júlio Neves rebate as críticas dizendo que a Casa Bandeirista será restaurada e preservada e que a abertura de uma nova rua, ligando a rua Joaquim Floriano à Attilio Inocenti, resolverá a questão do trânsito. Diz também que não há irregularidades na contraproposta.
"Será um shopping para a classe A. O ponto é excepcional e, com a abertura da Faria Lima, aquilo vai virar um centro da cidade", afirmou Neves.
A aprovação do projeto ocorreu em duas etapas. Ontem, a comissão aprovou a contrapartida em R$ 14 milhões e, há duas semanas, a parte urbanística.
Agora o projeto vai para a Secretaria da Habitação e recebe pareceres do Condephaat e da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego). Depois, volta à CNLU. Só então a prefeitura recebe os primeiros 15% dos R$ 14 milhões.

Texto Anterior: Cliente reclama de aumento em supermercado
Próximo Texto: Prefeitura vai receber R$ 14 mi
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.