São Paulo, sexta-feira, 8 de dezembro de 1995
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Pais invadem delegacia de ensino contra reformas

FERNANDO ROSSETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Mais de 50 pais e mães ocupavam a 5ª Delegacia de Ensino, no Brás (centro), ontem à noite, dispostos a dormir no local para barrar a "reorganização" das escolas da região.
No início da noite a assessora da Cogesp (Coordenadoria de Ensino da Grande São Paulo), Marlene Cortese, anunciou que a Secretaria da Educação não voltaria atrás na reforma da Escola Estadual de 1º e 2º Graus MMDC, da Móoca (zona leste).
"É uma escola toda bem estruturada. Estamos trabalhando há anos para torná-la uma boa escola. Por que mexer nela?", disse Cleide de Castro Bido, 45, com um filho na 3ª série e outro na 8ª.
Pelo projeto do governo, a MMDC atende, a partir de 96, da 5ª a 8ª série e o 2º grau. Os alunos de 1ª a 4ª série serão transferidos para outras escolas da região.
Com uma forte participação de pais e boa administração, a EEPSG MMDC tem biblioteca, laboratórios, computadores e está livre de pichações. As outras escolas estão mal conservadas.
A discussão de manhã beirou a histeria. Marlene Cortese disse que foi ao local a pedido da diretora da MMDC, Elza de Fátima Senna. Cortese ligou, então, para Senna, que apoiou o movimento.
"Então a sra. é contra a reorganização?", bradou a assessora. "Pois depois a gente conversa", completou, batendo o telefone.
Mais meia hora de discussão e aparece a diretora: "Nem nos aureos tempos da ditadura, contra a qual eu lutei, eu fui tratada dessa forma. Não é com ameaças que eu vou concordar com a reforma."
"Não sou contra a reorganização, mas me coloco ao lado de minha comunidade, porque sei o quanto ela lutou para melhorar a escola", disse Elza Senna.
À tarde, pais e alunos de outras escolas se uniram à ocupação. Às 21h30, Cortese continuava impedida -verbalmente- de deixar o local.

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