São Paulo, sábado, 9 de dezembro de 1995
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FHC associa governo à seca, mas vê grama no horizonte

Privatização contribui para "renascimento" do governo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois de falar em corvos, abelhas e vespeiros, o presidente Fernando Henrique Cardoso recorreu à seca de Brasília para ilustrar a situação do país.
Na solenidade, no Planalto, de privatização da usina de Candiota, que fica em Bagé (RS), FHC disse: "Estávamos em um período de seca." Mas emendou: "O governo está fazendo com que as coisas renasçam". Segundo ele, uma das ações desse "renascimento" são as privatizações.
"É como Brasília. Tem aquela seca, não se vê grama que não seja quase terra. Quando começa a chover, tudo floresce e brota", disse.
Para Fernando Henrique, "o Brasil está começando a chover". Segundo o presidente, a cooperação entre governadores, parlamentares, ministros e o Executivo é a "água" que faltava para irrigar a terra do governo.
Brasília, situada no centro do cerrado da região Centro-Oeste, é conhecida por suas altas temperaturas e baixa umidade relativa do ar entre os meses de julho e outubro.
FHC voltou a defender o Programa Comunidade Solidária, bombardeado por entidades assistenciais, que o acusam de "clientelista". Na avaliação do presidente, o programa é exemplo de ajuste da sociedade com o governo.
"Por que certas incompreensões? Pois não se trata de um órgão, não é um corpo que se adiciona aos outros do Estado, mas é uma maneira de agilizar os programas que já existem no Estado", disse FHC.
Segundo ele, o Comunidade Solidária usa mecanismos existentes e põe em relação o município, o Estado e a União para "maximizar a utilização desses recursos".
Reforma ministerial
O líder do governo no Congresso, Germano Rigotto (PMDB-RS), disse ontem que FHC não cogita fazer uma reforma em seu ministério "nos próximos meses".
Rigotto, no entanto, não descartou totalmente a mudança de nomes na equipe. "A equipe é muito boa. Mas, em maio ou junho, quem sabe? Só o tempo pode dizer", afirmou.
Ele descartou ainda a necessidade de o governo encontrar um articulador político para servir de "ponte" entre o Congresso e a Presidência.
"Nunca foi falado isso. Os líderes acham desnecessário", disse. Segundo ele, FHC tem "excelentes" interlocutores, como o chefe da Casa Civil, Clóvis Carvalho, o secretário-geral da Presidência, Eduardo Jorge Caldas, e até mesmo o vice-presidente, Marco Maciel.
Rigotto confirmou a convocação extraordinária do Congresso Nacional no período de 16 de dezembro a 15 de fevereiro.
"É fundamental para se votarem as reformas e para que os trabalhos das comissões, como a do caso Sivam, sejam concluídos", disse.
A convocação vai custar R$ 9,5 milhões, relativo ao pagamento da ajuda de custo no início e no final do período.
Elogios
O papel de Rigotto no governo foi elogiado publicamente ontem por FHC. "Preciso do Rigotto aqui como deputado. Ouvi rumores de que seria candidato a isso ou aquilo. Não pode, não. Tem de ficar aqui ajudando o governo".

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sobre privatização à página 1-10

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