São Paulo, sábado, 9 de dezembro de 1995
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Graziano diz que falta plano agrário a FHC

GEORGE ALONSO
DA REPORTAGEM LOCAL

O governo Fernando Henrique Cardoso não tem política de reforma agrária e só tem feito "apagar incêndios", agindo como "bombeiro".
Essa é a avaliação feita ontem à tarde por Francisco Graziano Neto, ex-presidente do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), sobre a política de assentamentos do governo.
Graziano deu palestra no Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP).
Ele dirigiu o Incra por dois meses e foi afastado recentemente do cargo por envolvimento no caso do "grampo do Sivam".
Deixou a função dizendo que forças contra a reforma agrária trabalharam para sua queda.
Na palestra, da qual participaram intelectuais e representantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e da Sociedade Rural Brasileira, Graziano admitiu tanto a ausência de um plano global do governo para o campo como criticou a visão ortodoxa da esquerda sobre o tema.
Apesar de defender a reforma agrária, Graziano cobrou nova visão. "De que tipo ela deve ser feita num mundo globalizado? É a questão. Não é a dos anos 60."
Graziano acredita que a questão da cidadania não passa só pela entrega de um pedaço de terra. O ex-dirigente do Incra defendeu aumento e simplificação do ITR (Imposto Territorial Rural), a criação de uma bolsa de arrendamentos, além das desapropriações.
Ainda que reconheça o MST com interlocutor dos sem-terra, Graziano disse que a reforma agrária "não deve ser para o MST" e que as ocupações contribuem para que o governo só aja como bombeiro. "O MST não permite que seja feito um plano", afirmou.
Ao final, disse que "a história fará correções no futuro" no caso do grampo e negou que FHC o tenha "entregado de bandeja": "Não fui entregue de bandeja, porque eu que pedi para sair".
Graziano rechaçou a expressão "corvo". "Sou tucano e vou ser dirigente nacional do partido."

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