São Paulo, sábado, 9 de dezembro de 1995
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PF investiga carona da Líder a Júlio César

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A PF (Polícia Federal) vai requisitar à Líder Táxi Aéreo todos os documentos sobre a viagem realizada aos Estados Unidos em setembro, em um Learjet da empresa, pelo ex-chefe do cerimonial do Planalto embaixador Júlio César Gomes dos Santos.
A requisição será feita pelo delegado Edmo Salvatore, designado pelo diretor-geral da PF, Vicente Chelotti. Os documentos serão acrescentados ao boletim de abastecimento da aeronave em Boa Vista (RR), obtido pela PF.
O boletim de abastecimento em Boa Vista deverá ser utilizado pelo delegado como a principal peça para a abertura do inquérito policial que vai investigar crimes praticados por Júlio César.
A Folha não conseguiu localizar ontem a direção da Líder Táxi Aéreo em Belo Horizonte. Um funcionário de plantão informou que não havia expediente por causa de um feriado municipal.
Assessores de Chelotti informaram que a escuta no telefone do embaixador deixou de ser a principal prova de seu envolvimento.
Segundo a PF, o boletim e demais documentos da viagem comprovam que Júlio César trocou favores com o presidente da Líder, José Afonso Assumpção.
Ao depor no Senado, o embaixador disse que conhecia o empresário há muito tempo e achou normal aceitar carona no Learjet.
O "grampo" revela que Assumpção ofereceu a viagem ao embaixador e pediu a sua ajuda para dobrar a resistência do senador Gilberto Miranda (PMDB-AM) ao Sivam (Serviço de Vigilância da Amazônia). Assumpção é representante da Raytheon no Brasil, responsável pela instalação do projeto.
Os assessores de Chelotti afirmaram que apenas em tese Júlio César pode ser acusado de crime de tráfico de influência. No decorrer da investigação, ele poderá merecer outro enquadramento por crimes previstos no Código Penal contra a administração pública.

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