São Paulo, sábado, 9 de dezembro de 1995
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Maioria das agressões a crianças é feita por pai

VICTOR AGOSTINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

O maior agressor da criança é sua família, principalmente o pai. E o local da agressão, física ou sexual, é a própria casa onde a criança vive.
Esses dados aparecem em um estudo concluído semana passada pelo Instituto Sedes Sapientiae, entidade que atualmente desenvolve pesquisas e faz o atendimento psicológico de cerca de 60 crianças e adolescentes que foram vítimas de agressão em 1994 e 1995.
Os números levantados pelo Sedes Sapientiae (veja quadro ao lado) mostram que em apenas 15% dos atos violentos cometidos contra as crianças o agressor está fora da família. Em 48,7% dos casos, é o pai biológico quem pratica a violência e, em 28,2% das crianças analisadas, a mãe.
Um dado curioso verificado pelo levantamento do instituto é o fato de não haver registros de agressão sexual contra criança cometida pela mãe.
Segundo números do Cerca (Centro de Referência da Criança e do Adolescente), entidade subordinada à Secretaria Estadual da Criança, desde 1988 17,3 mil crianças e adolescentes foram vítimas de agressões no Estado de São Paulo. Nesse mesmo período, o Cerca abriu 8.687 processos de agressão.
Esses são apenas os casos notificados de agressão. Um outro tanto de violências contra crianças e adolescentes é cometido diariamente sem que se tenha registro.
O estudo do Sedes Sapientiae, resultado dos casos atendidos pela sua clínica psicológica, está servindo de base para uma ação prática do instituto com objetivo de prevenir a violência.
Segundo Dalka Ferrari, o Sedes Sapientiae pretende implantar no primeiro bimestre do ano que vem um trabalho com alunos, pais e professores de escolas públicas.
O "plano piloto" será desenvolvido em sete escolas da zona oeste de São Paulo.
"Vamos usar técnicas sócio-dramáticas, que tenham como tema a violência, para justamente detectar onde está acontecendo a violência", disse Ferrari.
Uma das formas de descobrir junto às crianças se nas casas delas está havendo violência, de acordo com Ferrari, é trabalhar as fábulas, os contos de fadas.
"As crianças vão se identificando com os personagens e contando o que acontece em suas casas", afirmou Ferrari.
Se conseguir patrocínio, o Sedes Sapientiae pretende expandir o trabalho de prevenção em 90 escolas.

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