São Paulo, sábado, 9 de dezembro de 1995
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BC segura liquidez no over e compra dólar

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O BC (Banco Central) voltou a atuar no over ontem, aumentando ligeiramente a faixa de flutuação das taxas de juros. No início do dia, o BC comprou dinheiro por dois dias à taxa-over de 3,99%.
Com essa intervenção, avalia o mercado, o BC "enxugou" aproximadamente R$ 2,5 bilhões.
O dinheiro ficou curto e as taxas subiram -batendo em 4,20%. O BC emprestou recursos ao mercado à taxa-over de 4,22%.
A rigor, as atuações não mudam grande coisa. O meio da "banda" dos juros continua perto de 4,10%.
Mas a expectativa de uma liquidez mais apertada acabou afetando o juro no mercado futuro, que subiu ligeiramente.
Até porque, acredita o mercado, é mais provável que a velocidade de queda dos juros seja maior na ponta do crédito (via redução de compulsórios e do IOF) do que na de aplicação.
A próxima semana será decisiva para a área de juros. Na segunda, a liquidez permanece apertada (o BC tomou dinheiro por dois dias). A partir de quarta, tudo vai depender do leilão de títulos que será realizado pelo Tesouro.
Se, na área de juros, o BC corre atrás da liquidez, no câmbio ele continua atrás de dólares (injetando reais).
Está entrando um caminhão -que o BC compra diariamente. Ontem, não se fugiu à regra.
Até o dia 7, ingressaram no país US$ 923 milhões. Ontem, avalia o mercado, entraram mais US$ 150 milhões.
Ou seja, em uma semana, o ingresso total já supera US$ 1 bilhão. As reservas engordam, tanto quanto a dívida interna.
É a lógica da política atual: acumular reservas. De quebra, manter a economia desaquecida, já que um consumo mais acelerado pode provocar, já se viu, déficit na balança comercial.
O centro de gravidade desse "equilíbrio" é dado pela taxa de juros, já chamada pelo governo de indecente e inconsistente. Mas está ali, na lua, e é real.
A Bolsa fechou em baixa, de 0,45%. Os "vendidos" (que apostam na baixa) estão sendo ajudados pela "pasta rosa".
A probabilidade de instabilidade política entra no preço das ações. O Sivam acendeu a luz amarela; a "pasta rosa", o alarme.

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