São Paulo, sábado, 9 de dezembro de 1995
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Fornecedor da Wal-Mart pode sofrer boicote

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

Os comerciantes de Osasco ameaçam boicotar a indústria que vender com preço mais barato para a Wal-Mart e o Carrefour.
Uma reunião de 150 lojistas marcada para esta segunda-feira vai nomear os produtos. Eles vão comparar os preços de venda na Wal-Mart e no Carrefour com tabelas de preços dos fornecedores.
"A briga dos dois vem dos EUA. Um quer quebrar o outro. Só que a bala está acertando nos pequenos comerciantes", diz Dorival Santos Rodrigues, gerente do Supermercado Sorocaba.
Ele conta que as vendas das lojas da região caíram 50% para quem aceita tíquete-refeição e cartão de crédito e 70% para quem só vende à vista desde a inauguração da Wal-Mart e do Carrefour.
"Uma diferença de 10% no preço dá para competir, mas com preço abaixo do custo não dá."
Giuseppe Pepino Marchionno, proprietário do Supermercado Pepino Romeu, diz que os comerciantes de Osasco não têm nada contra as duas grandes redes.
"Queremos dos fornecedores condições iguais de preços. Estamos sendo chamados de ladrões por nossos clientes", afirma.
Segundo ele, a Coca-Cola cobra dele R$ 1,67 pelo refrigerante de dois litros. "Na Wal-Mart, está à venda por R$ 1,25."
O quilo da linguiça Sadia, diz, custa para ele R$ 3,27. Na Wal-Mart, sai por R$ 2,30.
Pepino Marchionno conta que os comerciantes apostaram no Natal e compraram mercadorias para vender em dezembro. "Não sabemos como vamos pagar."
Agostinho João Lopes, dono do Supermercado Jardins, diz que nesta época do ano o comércio tem que faturar o dobro para pagar os encargos, que também dobram.
"Vamos ver se a Wal-Mart modifica a estratégia de vendas a partir de janeiro. Se continuar assim, o comércio de Osasco vai fechar."
O Pastorinho, que fica em frente à Wal-Mart e ao Carrefour, informa que suas vendas estão dentro das expectativas.
Estratégia
Gerardo Ruiz, coordenador de relações públicas internacionais da Wal-Mart, diz que a entrada da cadeia de lojas na região trouxe mais público para o local e isso é bom para o comércio.
Segundo ele, a estratégia da Wal-Mart não é acabar com os pequenos comerciantes, mas sim atender o consumidor da melhor maneira. Significa ter produto com qualidade e com bom preço.
Ele diz que muitos pequenos comerciantes se abastecem nos Sam's Club (clubes de compras) da Wal-Mart, que dão oportunidade a eles de ter estoque regulador.

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