São Paulo, sábado, 9 de dezembro de 1995
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Houaiss prioriza dicionário em sua gestão

FERNANDO MOLICA
DA SUCURSAL DO RIO

O presidente eleito da ABL (Academia Brasileira de Letras), Antônio Houaiss, 80, afirmou que sua prioridade será publicar, até 1997, o dicionário da instituição. Em 1997 a ABL completará cem anos.
O dicionário, segundo ele, será baseado no preparado para a ABL, em 1954, por Antenor Nascentes com a colaboração de, entre outros, Celso Cunha.
Ex-ministro da Cultura, Houaiss negou que pretenda fazer com que a ABL encampe a produção do dicionário que vinha preparando: o trabalho foi interrompido por falta de dinheiro.
"Abandonarei o meu projeto ou farei os dois dicionários", disse.
Houaiss afirmou que os dois dicionários têm características e metodologias diferentes e sequer poderiam ser fundidos.
Segundo ele, o dicionário da ABL será normativo, "aconselhará os bons usos da língua".
A dúvida sobre a eventual utilização do projeto de Houaiss como base para a elaboração do dicionário da Academia gerou polêmica na ABL.
Em outubro, o atual presidente da entidade, Josué Montello, criticou a possibilidade de Houaiss presidir a ABL, que busca reeditar seu dicionário, e, ao mesmo tempo, manter o seu projeto.
Montello chegou a afirmar que seria "muito estranho" Houaiss presidir a ABL e, ao mesmo tempo, trabalhar em seu dicionário. Irritado, Houaiss, também em outubro, afirmou que Montello o estava difamando.
Anteontem, porém, após a eleição de Houaiss, as divergências pareciam superadas. Montello dizia concordar com a proposta de Houaiss de tocar os projetos separadamente.
Além de coordenar a edição do dicionário da ABL, Houaiss afirmou que, à frente da ABL, pretende organizar visitas de "personalidades do exterior", promover "alguns simpósios" e um congresso sobre ensino de base no Brasil.
O novo presidente da ABL, que será empossado na próxima quinta-feira, evitou caracterizar sua eleição como uma vitória da "ala esquerda" da instituição.
Ele afirmou ser um homem de esquerda, mas disse ter dúvidas sobre como ser "esquerdista na presidência da Academia".

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