São Paulo, sábado, 9 de dezembro de 1995
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Baixa e crônica

Comparada à de antes do Real, a inflação já não é alarmante. Pode-se dizer com boa dose de tranquilidade que os preços, em média, oscilam numa faixa entre 1% a 2% ao mês. O tema certamente exige novos enfoques. Ainda assim, como bem afirmou o ministro Pedro Malan, o perigo é crer que inflação é uma questão superada.
Antes dizia-se que a inflação era inercial, ou seja, que resultava da persistência dos reajustes de preços, cada um justificado por todos os outros, e assim por diante.
Hoje, com a economia muito menos indexada, a inflação deixou de ser inercial, mas é ainda crônica. É como uma febre baixa, mas sintomática de desarranjos persistentes.
As tarifas públicas são um exemplo desse tipo de desequilíbrio estrutural. Congelar ou mesmo atrasar demais as tarifas é contraproducente, especialmente em um horizonte de privatizações. O irrealismo tarifário prejudica os processos de venda, ainda que evidentemente não abale o ganho do país com a esperada melhora na eficiência das empresas privatizadas.
Os reajustes recentes, porém, mesmo escalonados e inferiores à inflação acumulada, impedem uma queda maior da inflação.
Nos próximos meses, fatores como aluguéis e serviços devem puxar os índices para baixo. Mas se esperam também pressões altistas, de produtos agrícolas e mensalidades escolares. O resultado é que a inflação deve ficar mais ou menos onde está. Baixa e crônica.

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