São Paulo, domingo, 10 de dezembro de 1995
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Livro mostra o melhor das invenções inúteis

MAURICIO STYCER
DA REPORTAGEM LOCAL

Para mostrar que as pessoas costumam desejar muito mais coisas do que realmente necessitam, o japonês Kenji Kawakami se dedica a inventar produtos espetaculares -que não servem para nada.
Parte de sua obra, já conhecida por frequentadores de salões internacionais de inventos, começa agora a se popularizar no Ocidente com a publicação de "101 Unuseless Japanese Inventions" (editora Harper Collins, 6 libras), uma seleção de suas melhores criações.
A brincadeira começa já no título, que quer dizer algo como "101 Invenções Japonesas Desinúteis". Ou seja, um livro de invenções inúteis, mas não tanto.
As invenções servem para demonstrar os princípios de uma filosofia criada por Kawakami, o Chindogu. O primeiro dos dez mandamentos do Chindogu é que os objetos inventados não podem servir para uso real.
"Se você inventou algo que pode ser usado, então você não conseguiu criar um Chindogu. Procure o instituto de patentes", escreve.
Kawakami diz que seus objetos representam "a liberdade de desafiar a histórica dominação do conceito conservador de utilidade".
Cada invento vem acompanhado de pequena explicação sobre a sua "utilidade". Por exemplo, o telefone-haltere, no qual um peso de cinco quilos é acoplado ao aparelho telefônico, é assim justificado: "Desencoraja conversas longas e reforça a musculatura."
Kawakami reconhece que seus inventos são engraçados. "São engraçados porque são paradoxais e são engraçados porque não dão certo. Mas o Chindogu não foi criado para ser idiota pelo mero prazer da idiotice".
A manteiga em forma de bastão talvez ilustre o que o inventor tenta dizer. "Por que sujar a faca?", pergunta Kawakami ao exibir sua criação, semelhante a um desodorante ou uma cola de bastão.
Embora destinadas a provocar risos, as invenções de Kawakami são levadas a sério pelo "Livre Mondial des Inventions 95", uma espécie de livro dos recordes especializado em inventos, editado por Valérie-Anne Giscard d'Estaing.
Uma dezena de suas criações, inclusive uma minimáquina de lavar que se acopla à perna e uma gravata com espaço para guardar cartões de crédito, brilham no capítulo dedicado aos objetos destinados a simplificar o dia-a-dia.

O livro pode ser importado pela livraria Cultura (011/285-4033) e pela Freebook (011/256-0677)

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