São Paulo, domingo, 10 de dezembro de 1995
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Atuária é profissão ainda inexplorada

LUÍS PEREZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma pessoa chegou para a outra e perguntou: "O que você faz?". A outra respondeu: "Sou atuário". "O que é isso?" "É um profissional que lida com seguros", respondeu. "Então veja quanto sai o do meu carro."
Está tudo errado. Quem faz ciências atuariais -termo considerado desconhecido até por pessoas que trabalham em seguradoras- não vira corretor de seguros.
"Muitas pessoas confundem. O atuário faz toda a base de cálculo para descobrir o valor de um seguro, leva em conta os riscos, trabalhando para fornecer dados para o corretor", explica Newton Conde, 39, vice-presidente do IBA (Instituto Brasileiro de Atuária).
A atuária, define o dicionário "Aurélio", investiga problemas relacionados com teoria e cálculo de seguros em uma coletividade. Mas tem um campo de atuação muito mais amplo. É o profissional que aplica estatística e cálculos de probabilidades aos seguros e questões financeiras.
Seu trabalho é investigar as leis de natalidade, invalidez, doenças, mortalidade e outros fenômenos biológicos e demográficos.
É ele quem estabelece as bases das operações das empresas de seguro, de financiamento -por isso acompanha o mercado financeiro- e de capitalização.
O atuário ainda fiscaliza, orienta, elabora técnicas, planeja e controla a cobertura dos riscos à vida, entre outras atividades -que incluem também o magistério.
Se existe uma profissão que tende à expansão, é essa. "No Brasil ela vem crescendo e vai ser ainda mais requisitada em função dos fundos de pensão", avalia Conde.
Ele diz que hoje há 350 fundos. "Poderíamos ter um atuário por fundo, e o número de empresas a montá-los poderia chegar a 7.000", diz o vice-presidente, que acha positivo o investimento em planos de previdência privados.
"O mercado está carente. Quando preciso contratar, tenho dificuldades. A profissão é pouco divulgada, poucos optam por ela", afirma. Por isso o IBA aceita currículos (leia texto ao lado).
Segundo ele, os melhores salários estão em consultoria -que requer cerca de cinco anos de experiência-, que vai de R$ 8.000 a R$ 10 mil. Um trainee entra na área ganhando de R$ 1.000 a R$ 1.800.
O atuário desfruta hoje no Brasil -época em que os seguros estão mais valorizados- de um status equivalente ao de um médico ou engenheiro dez anos atrás. A concorrência acontece com outros profissionais liberais.
Oitenta por cento dos que fazem estágio são empregados na área. "Há muito ainda a ser explorado", diz Jorge Gomes da Silva, 44, chefe do Departamento Técnico Atuarial da Susep (Superintendência de Seguros Privados).
"É uma área extremamente técnica", reafirma Paulo Sergio Vilanova, 46, assistente atuarial, um dos donos do Escritório Técnico de Consultoria Atuarial. "Muitos acabam indo atuar na área comercial." É preciso gostar muito de matemática. "E de informática, que já é fundamental em quase todas as profissões", afirma Vilanova.

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