São Paulo, domingo, 10 de dezembro de 1995
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Carro financiado pode custar o dobro

HENRIQUE SKUJIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Não fosse o aumento do prazo de financiamento concedido pelas montadoras e pela rede de concessionárias, que foram buscar dinheiro no exterior, as vendas no setor de carros novos estariam bem abaixo do nível atual.
Além disso, o estoque de carros, que hoje está em 150 mil unidades, estaria duas vezes maior.
Com os empréstimos feitos no exterior, as taxas de juros caíram e o prazo máximo de financiamento subiu de seis para 36 meses.
Foi um impulso para o consumidor voltar às compras. A indústria automobilística deve fechar o ano com 1,4 milhão de unidades vendidas, um recorde histórico.
Sérgio Reze, presidente da Fenabrave (Federação Nacional dos Distribuidores de Veículos), acredita que as linhas de crédito devem acabar no final do mês. "Janeiro vai ser um mês complicado para o setor", diz.
Segundo as concessionárias consultadas, 70% dos consumidores estão comprando com uso de financiamento. Entre os outros compradores, 20% preferem o consórcio, e 10% pagam à vista.
Carros médios como o Kadett, o Escort e o Logus, e até alguns modelos mais caros como o Versailles e o Tempra são os mais procurados através de financiamento.
Existem algumas boas opções de parcelamento no mercado. A grande vantagem sobre a compra à vista é que o comprador dá uma entrada entre 20% e 40% do valor do carro, não investindo um montante alto de uma só vez.
Mas é necessário tomar alguns cuidados. As taxas de juros e a variação cambial podem até dobrar o preço final do carro.
"É o único jeito de segurar o orçamento mensal", justifica Fernando Laerte, que comprou um Escort GL 1.6 financiado pelo banco da Autolatina.
Laerte deu entrada de 30% (R$ 4.650) e vai financiar o restante (R$ 10.850) em 24 parcelas. A prestação inicial foi de R$ 647,63, mas a 24ª parcela vai ser de R$ 1.300. Somando a entrada com as 24 parcelas, o preço fica em R$ 27.200, 75% superior ao inicial.
Wilson Dioti, gerente de vendas da concessionária Premyer (GM), diz que "esse juro final, mesmo muito alto, é bem menor que o anterior, que superava 150%".
Para quem quer fugir dos juros, a Ford está oferecendo a picape F-1000 Diesel em 18 meses e toda a linha Verona em 12 meses sem juros, mas com variação cambial.
A Fiat criou o Fiat Open Car: o cliente dá 40% de entrada, financia 30% em 12, 18 ou 24 meses, com juros mensais de 3,5%, e tem um resíduo final de 30%, além da variação cambial.
Além disso, o "popular" Mille pode ser comprado com 50% de entrada e o restante em 12 meses com juros mensais de 3,5%, mais variação cambial.
A GM pede entrada entre 30% e 50% e o restante em 12, 18 ou 24 meses com juros de 3,1%, ou em 36 meses com juros de 3,29%.
A Volkswagen financia em até 24 meses, com juros mensais de 3,59%, mais variação cambial.
Câmbio
Para 1996, há uma previsão de alta do dólar. Com isso, as prestações pendentes vão subir e o consumidor vai pagar mais.
Para fugir da variação cambial, o interessado pode escolher os planos de financiamento pré-fixados, com juros maiores e parcelamento em até seis meses. Nesse caso, os juros chegam a 7% ao mês.
A rede GM tem plano sem variação cambial, parcelado em até 18 meses. A entrada é de 30% e os juros mensais são de 5,5% a 6,8%.

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