São Paulo, terça-feira, 12 de dezembro de 1995
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Aluno mata ex-namorada na USP

DA REPORTAGEM LOCAL

O estudante Christian Hartmann, 21, matou a tiros sua ex-namorada, Renata Cristina Francisco Alves, 20, baleou o atual namorado dela, Winston Hooki Goldoni, 23, e em seguida se suicidou com um tiro na boca ontem pela manhã na Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo).
Segundo a polícia e os familiares dos envolvidos, o crime foi passional. Christian cursava o 3º ano de engenharia mecatrônica com Renata, com a qual manteve um breve namoro no ano passado.
Segundo o engenheiro Antonio Francisco Alves, 38, tio da estudante morta, Christian não teria aceitado o fim do relacionamento. "Ele ligava para a casa da minha sobrinha e tentava falar com ela. Mesmo na faculdade, ele vivia tentando reatar o namoro."
Há cerca de seis meses, Renata passou a namorar Winston, aluno do 5º ano da mecatrônica. Na manhã de ontem, Winston iria apresentar com um colega o trabalho final de um curso de computação. Ele chegou por volta das 9h ao laboratório CIS-Poli (Centro de Integração de Sistemas).
Cinco minutos depois chegou seu amigo, Eric Hernandez Monteiro, 25, a principal testemunha do crime. Segundo Eric, Christian já estava no laboratório, sentado em frente a um computador, jogando xadrez. Cerca de 30 minutos depois, chegou Renata. Winston e Eric saíram para imprimir uma cópia do trabalho. Quando voltaram, a sala estava vazia.
Minutos depois, ouviram tiros na sala ao lado. Winston se levantou e foi ver o que estava acontecendo. Mal entrou na sala e foi baleado. Foi atingido no tórax, no braço direito e na cabeça.
"Em seguida vi a Renata cambaleando e o Christian com a arma na mão. Pedi calma e fui atrás de ajuda. Quando eu voltei para a sala, já o achei morto", disse Eric.
O estudante André Bandeira, 24, ex-aluno de medicina e atual de mecatrônica, ajudou a socorrer os três. "A Renata gemia muito, mas, antes de entrar na ambulância, silenciou." Renata foi baleada no tórax e na cabeça. Ele viu Christian estirado no chão e agonizante. "Peguei o seu braço e vi que ele estava quase sem pulso."
Winston foi o primeiro a ser socorrido. Ele foi transferido do Hospital Universitário para o Hospital das Clínicas ontem à tarde. Chegou consciente e falando. Segundo os médicos, seu estado era grave (leia texto acima).
A polícia abriu inquérito para apurar o caso e tomou ontem o depoimento de Eric. Segundo o delegado Bento da Cunha Jr., 35, a arma do crime, uma pistola calibre 380 (semelhante ao calibre 9 mm), pertenceria ao pai de Christian.
O delegado afirmou que o estudante estava com dois pentes carregados de balas. No local do crime, foram encontradas onze cápsulas. "Ele sempre foi um aluno brilhante", disse Antônio Sérgio Ferrer, 37, tio de Cristian.

LEIA MAIS
sobre as mortes na USP nas págs. 2 e 3

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