São Paulo, terça-feira, 12 de dezembro de 1995
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Ceará distribui 'calcinha preventiva'

PAULO MOTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

A Aproce (Associação das Prostitutas do Ceará) está distribuindo 500 "calcinhas preventivas" a prostitutas e travestis de Fortaleza.
As calcinhas possuem dois bolsos laterais, nos quais podem ser guardadas quatro camisinhas.
Na parte da frente da calcinha, uma história em quadrinhos ensina como usar a camisinha. Na parte de trás, um desenho em forma de camisinha traz um texto explicativo sobre as formas de prevenir doenças sexualmente transmissíveis, com destaque para a Aids.
Confeccionadas nas cores preta e vermelha, as calcinhas custaram R$ 3,00 cada, mas são distribuídas gratuitamente.
A iniciativa tem apoio da Secretaria de Saúde do Ceará, que financiou a confecção das calcinhas.
Segundo a presidente da associação, Rosarina Sampaio, 39, a distribuição está sendo feita há duas semanas em caráter experimental, como uma das atividades do Projeto Prostituição, trabalho de educação sexual que a entidade desenvolve entre as associadas.
"A distribuição é feita pelas nossas 12 agentes multiplicadoras, em palestras de educação sexual que nós realizamos com nossas colegas, nas regiões de prostituição de Fortaleza", disse Sampaio.
O objetivo do projeto é transmitir noções de educação sexual para as prostitutas por meio de atividades não-formais.
As atividades são desenvolvidas por agentes recrutadas entre as prostitutas e realizadas em boates e locais de ponto de prostituição.
As agentes da Aproce incentivam as prostitutas e travestis a criar "performances" para estimular os clientes a lerem as mensagens nas calcinhas.
"Teve uma colega que inventou a dança da calcinha. Enquanto o cliente lê em voz alta, ela dança, cantando o refrão: 'Vem belezinha, lê a calcinha e depois põe, põe, põe a camisinha"', afirmou.
Segundo Rosarina Sampaio, a receptividade da "calcinha preventiva" é grande. Por isso, a Aproce já encomendou mais 3.000 unidades.
Sampaio diz que a idéia surgiu como forma de quebrar a resistência que os homens cearenses têm de usar camisinha em suas relações sexuais. Criada há cinco anos, a Aproce funciona como uma organização não-governamental) e, segundo Sampaio, tem 5.000 associadas.

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