São Paulo, terça-feira, 12 de dezembro de 1995
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Título cambial agita mercado; 'black' sobe

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

No mercado futuro, o dólar fechou o dia pressionado. É que quarta-feira vence R$ 1,6 bilhão em títulos cambiais e, até as 18h, o Tesouro não havia soltado nenhum novo edital de leilão.
A falta do edital criou especulação: se o Tesouro não vai vender títulos cambiais é porque o câmbio vai mudar. A Venezuela, afinal, em feriado religioso, fez uma máxi de 70,5%. Deus nos livre.
Mas não era isso. Era o calendário. O Tesouro vende títulos cambiais sempre no dia 15 de cada mês -quarta é dia 13.
Ás 18h05, o Tesouro avisou ao mercado que venderá títulos para liquidação na sexta-feira. Mas não explicitou se serão cambiais.
Existe aí um problema de preço. O mercado aceita comprar títulos cambiais com um juro anual ao redor de 23%. O Tesouro quer vender por 18% ao ano.
Os analistas de mercado continuam apostando que, em 1996, volta a existir o risco no mercado de câmbio -hoje, quem opera certo não perde dinheiro nunca.
Em 96, o juro cairá e a banda de flutuação do dólar (mínimo e máximo para o preço da moeda norte-americana) deve ser alargada.
Além das expectativas, em todo final de ano -é sazonal- aumenta a demanda por "hedge" cambial (seguro), especialmente por parte das multinacionais.
No final do ano, também crescem as operações fiscais (o esconde-esconde dos "caixa dois" para pagar menos Imposto de Renda).
Obedecendo a sazonalidade, ontem foi forte a demanda de pequenos investidores pelo paralelo em papel-moeda.
O "black" foi vendido a R$ 0,983, com alta de 0,61% (acumulando variação de 0,8% no mês).
Nas Bolsas, o cenário foi desalentador. A crise política murchou, com FHC na China, mas o dinheiro desapareceu.
Nas vésperas do vencimento do índice (quarta-feira), a Bolsa paulista registrou o esquálido volume de R$ 99,123 milhões -o segundo pior do ano.
Os investidores não estão rolando suas posições no mercado futuro. As apostas não se renovam. Sinal de que, passado o vencimento, a Bolsa pode embicar.
No over, o BC emprestou dinheiro a 4,21%. Hoje, o mercado deve ficar mais líquido e o juro deve andar na casa dos 4,03%.

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