São Paulo, terça-feira, 12 de dezembro de 1995
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'Revival' dos 60 é marca da decisão do Brasileiro-95

RODRIGO BUENO
ANDRÉ FONTENELLE

RODRIGO BUENO; ANDRÉ FONTENELLE; OTÁVIO DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL*

A final do Campeonato Brasileiro de 95, entre Santos e Botafogo, revive não apenas o maior clássico do futebol nacional na década de 60, mas simboliza a nostalgia de uma época.
A semelhança entre as duas décadas vai além dos nomes dos times. Como nos anos 60, Santos e Botafogo fizeram campanhas marcadas pela ofensividade.
Os times têm os melhores ataques e os principais artilheiros do torneio. O Santos fez 50 gols, contra 43 do Botafogo. Túlio marcou 21 gols, e Giovanni, 16.
Os ídolos vestem as mesmas camisas: a 10 do Santos (Pelé e Giovanni) e a 7 do Botafogo (Garrincha e Túlio).
As duas estrelas do futebol brasileiro naquela época, além disso, estão em evidência hoje.
Pelé é o atual ministro dos Esportes; Garrincha, que morreu em 1983, é tema da recém-lançada biografia "Estrela Solitária", de Ruy Castro.
Na época, os times contavam com alguns dos maiores jogadores da história do esporte, como Pelé, Garrincha, Gilmar, Didi, Zito, Carlos Alberto Torres, Clodoaldo, Nílton Santos, Coutinho e Gérson.
O Botafogo era considerado o único time no país capaz de jogar de igual para igual com o Santos.
Após o fim dos anos 60, Santos e Botafogo perderam a supremacia no futebol brasileiro e passaram a viver uma fase infrutífera.
O Santos ganhou apenas três Paulistas (73, 78 e 84). Chegou somente a uma final de Brasileiro, em 83 -perdeu para o Flamengo. O Botafogo venceu só dois Estaduais (89 e 90), após ter amargado 21 anos de "fila".
Na semana passada, o clube carioca voltou à antiga sede de General Severiano, na zona sul do Rio, onde o clube treinava nos anos 60, sua fase de ouro.
Santos e Botafogo já decidiram uma vez o "Campeonato Brasileiro". Fizeram no início de 63 a final da Taça Brasil de 62.
A decisão foi disputada no Maracanã e no Pacaembu, como a deste ano. O primeiro jogo foi 4 a 3 para o Santos, em São Paulo.
Garrincha não jogou: brigado com o clube por questões contratuais, refugiou-se em Pau Grande (RJ) e ameaçou deixar o futebol.
Resolvido o impasse, o Botafogo foi à forra no Maracanã: 3 a 1.
Como o regulamento não previa prorrogação, foi necessário um terceiro jogo, novamente no Maracanã, em 2 de abril de 63.
O Santos venceu por 5 a 0 e conquistou o título, com gols de Dorval, Pepe, Coutinho e Pelé (2).
"Ninguém esperava que o Santos fosse ganhar no Maracanã", lembrou ontem Pelé. "Entre todas as competições entre Santos e Botafogo, inclusive no exterior, essa foi a que mais me marcou."

* Colaborou OTÁVIO DIAS, de Londres

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