São Paulo, quarta-feira, 13 de dezembro de 1995
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A caribenha Joan Armatrading quer mais mulheres na guitarra

MARCEL PLASSE
ESPECIAL PARA FOLHA

Joan Armatrading esteve em São Paulo na semana passada, para promover o lançamento de seu novo álbum, "What's Inside".
Cantora, compositora, guitarrista, pianista e produtora, Joan Armatrading, em 23 anos de carreira, é um caso raro na música negra, tanto nas paradas da Inglaterra quando nas dos EUA -ainda hoje, terrenos masculinos.
Nascida no Caribe, mas criada na Inglaterra, ela inspirou duas gerações de cantoras na música pop, de Tracy Chapman a Tori Amos.
A Folha falou com Joan Armatrading no hotel Crowne Plaza.

Folha - O quanto você é autodidata e o quanto foi influenciada por outros músicos, como Joan Mitchell, por exemplo?
Joan Armatrading - Na verdade, nunca tive aulas de piano ou guitarra. O que me levou à música foi o simples fato de minha mãe ter comprado um piano, porque achou que dava uma mobília bonita para nossa casa.
Quando pergunto a outros músicos sobre como aprenderam a tocar certos fraseados, eles me dizem que foi ouvindo discos. Eu não sabia que esse era o método normal; que era o truque. Comprei meu primeiro disco quando tinha 19 anos, cinco anos depois de ter começado a tocar.
Folha - Você chama a sua música de rhythm & blues?
Joan - Chamo de música de Joan Armatrading, porque escrevo em vários estilos. Meu primeiro álbum tinha clima quase jazz, mas quatro faixas beiravam o country. Em outros, faço atmosfera de blues. Apesar de usar tantos estilos, os discos se parecem comigo.
Folha - De todo modo, não se vê muitas mulheres tocando guitarras em discos de blues. Por quê?
Joan - Talvez pelo preconceito. Às vezes, sinto isso quando estou no palco. O público demora para perceber que sou eu que faço os solos, depois de olhar demais para o outro guitarrista da banda e ver que os dedos dele não se movimentam tanto. Mas fico surpresa de, ainda hoje, não ter mais mulheres tocando blues e jazz na guitarra. Um dos motivos talvez seja o fato de a guitarra ser muito dura de tocar. Quando comecei, tocava muito mais piano, porque achava a guitarra desafiadora. As cordas de metal machucam os dedos de quem está começando.
Folha - Parece que seus últimos álbuns estão mais românticos. É proposital?
Joan - É possível. Acho que ando me sentido mais romântica. Por curiosidade, o título do novo álbum, "What's Inside", foi dado por uma amiga. Ela é uma antiga fã e disse que, ao ouvir meus discos, conseguia expressar melhor o que se passava dentro dela.

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