São Paulo, quinta-feira, 14 de dezembro de 1995
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CUT e Força param emenda da Previdência

GUILHERME EVELIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Nova manifestação organizada pela CUT (Central Única dos Trabalhadores) e pela Força Sindical forçou ontem mais um adiamento do início da discussão do substitutivo do deputado Euler Ribeiro (PMDB-AM) ao projeto de reforma da Previdência.
A sessão para discutir o projeto foi suspensa quando manifestantes das duas centrais ameaçaram arrombar a porta do plenário onde estava reunida a comissão especial de Previdência da Câmara.
A repetição dos problemas da véspera, em que a sessão já tivera de ser suspensa por causa de outro protesto liderado pelos sindicalistas, irritou o presidente da Câmara, deputado Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA).
Além de convocar uma reunião de líderes para discutir a reforma, ele prometeu providências para barrar a entrada dos manifestantes.
"Não vou deixar entrar de jeito nenhum", disse Luís Eduardo aos jornalistas. Somente as pessoas que tiverem senhas poderão ter acesso à sessão da comissão especial marcada para hoje.
Ontem, apesar das ordens da direção da Câmara, o esquema de segurança fracassou. Ao ocupar a presidência da Mesa, o deputado Adylson Motta (PPB-RS) acolheu pedido do deputado Paulo Paim (PT-RS) e autorizou a entrada dos manifestantes na Casa.
Uma parte conseguiu entrar no plenário da comissão com a permissão do deputado Jair Soares (PFL-RS) e tumultuou a sessão com palavras de ordens e vaias.
Parlamentares governistas criticaram o comportamento do presidente da comissão especial: "Ele poderia ter mais energia para o cumprimento do regimento interno", afirmou o deputado Eduardo Mascarenhas (PSDB-RJ). "Ultrapassou a manifestação e virou baderna", disse o deputado Manoel Castro (PFL-BA).
Embora negue que esteja facilitando a obstrução à reforma, Jair Soares não esconde a simpatia pelo movimento das centrais sindicais e da oposição pelo adiamento da votação do projeto.
"Sempre disse que não se pode fazer a reforma da Previdência com essa pressa. Quero a reforma na medida em que houver consenso para que ela seja implantada", argumentou Soares, ao defender uma revisão do acordo firmado pelas lideranças governistas para aprovação da reforma.
Ele justificou sua decisão de não mandar retirar os manifestantes da sala. "Nunca defendi o autoritarismo. Me orgulho de ter sido ministro da Revolução pelos meus próprios méritos", disse Soares, ministro da Previdência no governo João Baptista Figueiredo.
Soares não é o único integrante da comissão a mostrar má vontade em votar a proposta de reforma. Apesar de integrante da base de sustentação do governo, a deputada Rita Camata (PMDB-ES) também defende a revisão do substitutivo de Euler Ribeiro.
"Não se pode votar uma matéria dessa complexidade de afogadilho e sem que a sociedade saiba o que está se votando no Congresso", disse Camata. Ela considera "inviabilizada" a possibilidade de votação da reforma na comissão especial ainda neste ano.

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