São Paulo, quinta-feira, 14 de dezembro de 1995
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ONU investiga violação de trégua em Angola

RICARDO BONALUME NETO
ENVIADO ESPECIAL A ANDULO (ANGOLA)

As forças da ONU em Angola estão investigando uma violação do cessar-fogo entre o governo do MPLA e a guerrilha Unita na região onde estão soldados brasileiros, no centro do país.
O tiroteio teria ocorrido perto de Chitembo, onde há uma companhia de fuzileiros navais brasileiros. Uma pessoa teria morrido.
Outro incidente como esse, ocorrido há uma semana no norte do país, serviu de pretexto para a Unita impedir a movimentação de soldados brasileiros em Andulo.
Apesar da maior proximidade do incidente, não houve restrições à movimentação das tropas brasileiras e dos observadores da ONU.
O general que comanda as tropas da Unavem 3 (Missão de Verificação da ONU), Phillip Sibanda, do Zimbábue, e o comandante regional, um coronel do mesmo país, deverão chegar hoje a Andulo para conversas com os observadores de tropas locais. Em Andulo, também está o líder máximo da Unita, Jonas Savimbi.
Não houve progresso no aquartelamento dos guerrilheiros na região. A pacificação do país envolve o desarmamento dos combatentes em "áreas de aquartelamento" que estão sendo construídas para abrigá-los e para servir de ponto para entrega de armas.
A construção desses locais está atrasada. Parte do problema é a dificuldade de tráfego pelas estradas do país.
Um exemplo dessa dificuldade foi a queda, ontem, de um caminhão frigorífico que levava comida para uma companhia que tinha sido confinada e passou algum tempo comendo ração de combate em Andulo. Não houve vítimas.
Outro obstáculo é a desconfiança dos dois lados em prosseguir com o aquartelamento cada vez que há notícia de um incidente.
Mais até do que a eventual má vontade das partes, o clima, a dificuldade de comunicações, a burocracia e as doenças afetam o trabalho das forças de paz.
Em Cuito, onde está o comando do batalhão brasileiro, o frio que faz à noite tende a desencorajar o mosquito da malária, a doença mais comum e temida.
Mas, em Lobito, onde a ONU tem um campo de trânsito para suas tropas, o problema é maior. Vários romenos foram afetados.
A segunda companhia do batalhão brasileiro teve, no total, 73 casos de malária, em um efetivo de 119 homens. Mas a situação está melhorando.
Uma comitiva de oficiais brasileiros, incluindo três generais, está sendo esperada amanhã em Angola. Os oficiais deverão visitar algumas das bases onde estão as tropas brasileiras no país.

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