São Paulo, quinta-feira, 14 de dezembro de 1995
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Acordo é assinado hoje em Paris

DE PARIS

Bósnios, croatas e sérvios da Bósnia podem firmar hoje um acordo de reconhecimento mútuo dos respectivos Estados, durante a cerimônia de assinatura do acordo de paz para a Bósnia, em Paris.
"Temos trabalhado muito nos últimos dias para que isso ocorra na reunião de amanhã (hoje)", disse o chanceler francês, Hervé de Charette.
O ministro fez o anúncio ao final da última reunião preparatória da Conferência de Paris, que confirmará as negociações patrocinadas em Dayton pelos EUA.
A cerimônia terá a presença de chefes de Estado dos EUA, Alemanha, Reino Unido, Itália, Holanda, Canadá, Espanha, de um representante do presidente Boris Ieltsin, e de países islâmicos.
Apesar do show diplomático, até mesmo Charette é cético em relação às perspectivas do acordo. "O acordo é ambicioso, mas igualmente frágil. Possibilita uma paz real, mas não garante nada."
Charette disse também que "não podemos admitir, nem admitiremos, que ocorra em Sarajevo o mesmo que ocorreu em Berlim e levamos tantos anos para modificar", referindo-se ao muro que dividiu a cidade alemã até 1989.
A declaração do chanceler marca um recuo da França em relação aos problemas suscitados pela cessão total de Sarajevo à federação muçulmano-croata. Parte da cidade é habitada por sérvios e era ocupada até recentemente pelo exército sérvio da Bósnia.
Os franceses vinham dizendo que o problema precisava ser "estudado com cuidado" e chegaram a ter atritos diplomáticos com os EUA sobre a questão.
Os militares franceses, a parte do contingente da Otan que vai garantir a paz na região, chegaram a se portar como porta-vozes dos sérvios de Sarajevo.
O presidente da organização dos países islâmicos, Abdelatif Filali, disse ontem que os "países muçulmanos estão dispostos, com este acordo, a ajudar a Bósnia com meios materiais, técnicos e humanos, mas não só isso. Queremos mostrar que o Islã, em sua maior parte, é moderado". Os bósnios são de religião muçulmana.
A reunião de ontem foi realizada numa abadia a 50 km de Paris, para evitar os transtornos causados pela greve que paralisa quase totalmente Paris. Os chefes de Estado que chegam hoje à capital francesa serão transportados de helicóptero do aeroporto até a cidade.

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