São Paulo, quinta-feira, 14 de dezembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Sem valor, nem impacto

A forte desvalorização da moeda venezuelana mostra novamente os riscos de políticas que procuram conter a inflação por meio da manutenção do atraso na taxa de câmbio. Mas a inexpressiva repercussão da repentina queda de 70,6% no valor do bolívar indica que os mercados emergentes já não se encontram tão sensíveis quanto estavam logo depois da crise mexicana.
O México tinha um histórico de sucesso nas reformas, inflação baixa e a obtenção de um ambicioso acordo de integração econômica com os Estados Unidos, nada menos do que a maior economia do planeta. Lá, a crise foi um choque e, em certo sentido, uma desilusão.
Os dois países encontram-se hoje em profunda crise e as perspectivas da Venezuela não são melhores que as do México. Mas a desvalorização venezuelana esteve longe de causar a mesma perplexidade. A economia do país está em crise pelo menos desde o início de 94, quando a quebra fraudulenta do Banco Latino, um dos maiores da nação, gerou uma crise de confiança em todo o sistema financeiro, culminando com a incorporação dos bancos pelo Estado.
Apesar desses atenuantes, a serenidade com que os mercados emergentes receberam a desvalorização é certamente um sinal positivo para o Brasil. Afinal, o país passou a financiar seu balanço de pagamentos com capitais cuja entrada depende de confiança.

Texto Anterior: Banespabrás
Próximo Texto: Expectativa com juros
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.