São Paulo, sexta-feira, 15 de dezembro de 1995
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Fuso deixa assessores acordados

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Estar dez horas à frente dos fatos no Brasil está levando o presidente Fernando Henrique Cardoso a deixar ministros e assessores acordados até a madrugada, enquanto faz a sua visita à China e à Malásia.
Não há um acerto prévio de quando FHC fala com seus auxiliares que ficaram em Brasília, pois, em princípio, só se conversa em viagens internacionais se há uma real necessidade.
Mas sabe-se que o melhor horário para trocar telefonemas é quando FHC inicia sua manhã -o que, no Brasil, é fim de noite.
Para alguns ministros, como José Serra (Planejamento), o fuso horário não atrapalha. Ele costumeiramente atravessa a noite em conversas, muitas em companhia de FHC no Palácio da Alvorada.
O vice-presidente Marco Maciel é outro que dorme pouco. Apesar disso, ainda não foi preciso usar essa "vantagem": até ontem à tarde, Maciel ainda não havia conversado com FHC, segundo sua assessoria, por falta de motivo.
Desde que o presidente chegou a Pequim, anteontem, é comum ouvir de funcionários do Planalto que tiveram de conversar às altas horas da noite com suas chefias que estão na comitiva oficial.
A secretária de imprensa da Presidência, Ana Tavares, é uma que tem ligado para auxiliares depois das 23h30.
Ou se conversa no início da madrugada no Brasil, como está sendo feito, ou FHC só ficará sabendo das notícias brasileiras em Pequim no meio da tarde.
Primeiras notícias
O presidente só recebe as primeiras notícias de como foi o dia no país quando em Pequim são 14h. É nesse horário, 4h em Brasília, que fica pronto o resumo com os principais assuntos dos maiores jornais, preparado pela Radiobrás, e remetido para ele por um fax.
O Itamaraty mantém outro centro de informações ligado com a comitiva presidencial durante 24 horas.
As notícias, porém, são dirigidas ao ministro de Relações Exteriores, Luiz Felipe Lampreia, que retransmite ao presidente apenas aquelas que achar necessárias.

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