São Paulo, sexta-feira, 15 de dezembro de 1995
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Favelas disputam tráfico de droga

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

As quadrilhas de traficantes das favelas vizinhas Vila do Pinheiro e Vila do João, em Bonsucesso (zona norte do Rio), onde foi morto o torcedor, mantiveram ontem observadores de plantão para controlar o movimento das ruas e avisar sobre incursões policiais.
O episódio com os santistas foi causado pela rivalidade entre grupos que disputam o controle do tráfico nas duas favelas. A disputa deixou oito mortos em março deste ano.
Localizadas em terreno plano, as duas favelas são compostas por casas de barro, pequenos conjuntos habitacionais e prédios. A entrada pela Leopoldo Bulhões, rumo à av. Brasil, é a mesma para as duas, indicada pela placa torta que confundiu os torcedores.
Apenas um córrego separa as duas favelas. A Folha foi até o principal ponto-de-venda de drogas na Vila do João, onde, segundo a polícia, os torcedores foram abordados.
"Isso não foi aqui. A gente soube que uns paulistas se perderam lá na Vila do Pinheiro e se deram mal", disse um rapaz que não quis se identificar.
Na Vila do Pinheiro, três tiros foram disparados durante os 15 minutos em que a Folha esteve na favela. Também foram estourados morteiros (tipo de fogo de artifício).
No alto dos prédios, garotos observavam o movimento na av. Brasil e soltavam pipas, costumeiro sinal de alerta.
Uma moradora da Vila do Pinheiro, que não se identificou, disse ter ouvido os tiros na hora em que os torcedores foram abordados. "A gente ouviu, mas ninguém sabia o que era. Pensamos que era o bonde da Vila do João", disse.
"Bonde" é o nome dado ao comboio de carros de traficantes inimigos.
(FE)

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