São Paulo, sexta-feira, 15 de dezembro de 1995
Texto Anterior | Índice

Reconstituição identifica PMs que mataram reféns em ação

CRISPIM ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

Reconstituição da ação do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais), da Polícia Militar, durante tentativa de assalto no Morumbi (zona oeste) identificou os PMs que mataram dois reféns.
A ação reconstituída ontem aconteceu na madrugada do dia 8 de novembro, quando policiais do Gate invadiram o barracão de uma obra onde 2 ladrões mantinham 18 operários como reféns. Os ladrões também foram mortos.
Cruzando laudos do IC (Instituto de Criminalística) com a posição dos PMs, foi concluído que os sargentos Amilton Ribeiro da Silva e Silvio Nascimento Sabino mataram os reféns Osmar Moura do Nascimento e João Correia Sobrinho, respectivamente.
Durante a reconstituição, os dois sargentos afirmaram que não tinham visão dos reféns no momento em que atiram nos ladrões. "Eu não sei se aquele estava no fundo. Não vi ele ali atrás. Só via a cabeça do marginal", gritava Sabino no momento em que mostrava a sua posição para o peritos do IC. Ele se referia à pessoa que interpretava o refém Sobrinho.
O sargento Silva usou a mesma tática. "Eu não lembro dele aí. Daqui eu não tinha muita visão", disse, sobre o intérprete de Nascimento. Segundo laudos do IC, os dois erraram os alvos originais e acertaram a cabeça dos reféns.
Os PMs não permitiram que a imprensa acompanhasse a reconstituição de perto. No final, os policiais saíram rapidamente, sem dar entrevistas. O laudo da reconstituição deve sair entre 10 e 15 dias.
Quando o Gate chegou ao local do cativeiro, a primeira providência foi encontrar uma maneira de ter uma visão interna do barracão.
Enquanto um PM dava uma rajada em uma parede do barracão, para distrair os ladrões, outro destruiu parte do telhado. Um terceiro deu tiros na mesma parede com uma espingarda calibre 12. Através dos buracos, um PM passou a observar o interior do cativeiro.
A partir deste momento, os sargentos Sabino e Silva se posicionaram, um de cada lado do barracão, em cima de um muro e de uma estrutura de madeira.
Através de sinais, o observador se comunicava com os dois sargentos, que passavam informações ao capitão Wagner Cesar Gomes de Oliveira Tavares Pinto, que negociava com os ladrões.
No momento do primeiro tiro, segundo o Gate por parte dos ladrões -mas os peritos trabalham com a hipótese de que o disparo foi dado pelo sargento Silva-, quase que simultaneamente foram feitos oito disparos por Sabino.
Depois que atirou, Sabino sinalizou para o capitão, que ordenou a invasão do barracão. Entraram atirando o sargento Luiz Antonio Guandalini Alves e o tenente Rodolfo Cortês Ramos de Paula. O capitão, o tenente e os três sargentos foram afastados.

Texto Anterior: Lojistas fazem nevar em rua de Moema
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.