São Paulo, sexta-feira, 15 de dezembro de 1995
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Inadimplência cresce até 313% em SP

SUZANA BARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A inadimplência (atraso de pagamento) continua alta e deve se manter em níveis elevados até o primeiro semestre do próximo ano.
A previsão foi feita por Élcio Anibal de Lucca, presidente da Serasa (Centralização de Serviços Bancários), ao divulgar indicadores de inadimplência de novembro.
Parte dessa inadimplência, diz Lucca, não se refere exatamente ao atraso de pagamento, mas à pressão dos credores em receber seu dinheiro.
O melhor exemplo, diz Lucca, ocorre com as falências. Os pedidos de falência cresceram 144,8% de janeiro a novembro deste ano em comparação com igual período de 94. Já as falências decretadas tiveram aumento de 23,97%.
"O crescimento dos pedidos de falência foi muito superior ao das falências decretadas. Isso mostra que as empresas estão usando os pedidos de falência como instrumento de cobrança de dívidas."
Os pedidos de concordata cresceram 313,8% de janeiro a novembro deste ano em comparação com igual período de 1994.
Os títulos protestados aumentaram 91,4% de janeiro a novembro em comparação com 94, chegando a 6,6 milhões.
Desse total, diz Lucca, 1,4 milhão são de pessoas físicas e 5,2 milhões de empresas. O comércio teve 3,5 milhões protestos.
O número de cheques sem fundos também cresceu. Em junho de 1994, para cada mil cheques emitidos, um não tinha fundo.
O recorde da inadimplência foi em junho passado, com 5,1 cheques para cada mil compensados. Em novembro, diz Gregório Navas, diretor da Serasa, o número chegou a 3,9 cheques para cada mil compensados.
"Apesar de tendência de queda, a porcentagem de cheques sem fundos ainda está elevada", diz.
Estudo da Serasa mostra que passaram pela Câmara de Compensação do Banco do Brasil 3 bilhões de cheques até novembro, movimentando R$ 1,7 trilhão. No mesmo período de 94, foram compensados 3,7 bilhões de cheques, totalizando R$ 1,1 trilhão.
"Com a estabilidade, as pessoas descobriram outros meios de pagamento, como o cartão de crédito e a própria compra à vista em dinheiro", diz Lucca.
As empresas brasileiras devem faturar 2% mais neste ano em comparação com igual período do ano passado e lucrar também 2% mais em 1995.
Os dados são o resultado de levantamento anual da Serasa, baseado nos balanços de setembro de 2.000 empresas, em valores anualizados e em dólar.
O comércio terá o melhor faturamento, com aumento de 20%, seguido pelos serviços (9%) e pela indústria (1%). As empresas do setor público, contrariando a tendência, devem registrar queda de 6%.
O levantamento, diz Lucca, mostra que as aplicações financeiras das empresas caíram 12% no período analisado e as dívidas com os bancos cresceram 7%.
"A inadimplência tornou as empresas menos capitalizadas e as obrigou a recorrer mais aos bancos", diz Lucca.

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